domingo, 31 de maio de 2009

Oh Captain! My Captain!

Walt Whitman nasceu em Long Island há 190 anos, a 31 de Maio de 1819, vindo a falecer a 26 de Março 1882.

Ainda em Maio (40 anos)




Não; não é o preciso momento da nacionalização do BPN!

Assombrosa escrita


Como noticiava ontem o Jornal Público, há 48 anos, em 20 de Maio de 1961, foi assassinado o ditador Trujillo Molina, governante implacável da República Dominicana durante 31 anos.
"A Breve E Assombrosa Vida de OSCAR WAO" é o livro vencedor do Pulitzer Prize for Fiction 2008, escrito pelo, jovem dominicano Junot Díaz.
Como se anuncia, "em cada página, a pena de Junot cria uma obra de arte: a sua língua é uma manta de retalhos, uma canção, é uma fenda no muro entre as civilizações, as pessoas e as idades. e os seus heróis perseguem, através do humor e da poesia, o objectivo último de todo o ser humano: o amor".
Da primeira nota do seu romance ( é verdade: é um romance com notas) retiro o seguinte: "Para aqueles de vós que perderam os dois segundos obrigatórios de História Dominicana: trujillo, um dos mais infames ditadores do século XX, governou a República Dominicana entre 1930 e 1961 com uma brutalidade implacável e desumana. Um mulato corpulento, sádico e olhos de porco, que branqueava a pele, usava sapatos de cunha e tinha um especial carinho pelas miudezas da era napoleónica. Trujillo (também conhecido por El Jefe, o Ladrão de Gado Falhado e o Cara de Cu) acabou por controlar quase todos os aspectos da vida política, cultural, social e económica da RD através de uma poderosa (e familiar) mistura de violência, intimidação, massacre, violação, cooptação e terror; tratou o país como se fosse uma plantação, e ele, o patrão".

não via, lembrava

não era o teu seio que via
mas a lembrança da maternidade

um fio de cabelo, nada mais

não tenho olhos que te olhem
como os teus me deixam
e no silêncio partilho-te
tudo o que ficará por dizer
o som e o gesto
o mundo e a ave
um fio de cabelo
que no teu rosto já não é meu
(21.02.2009)

a elegância da ave

o verbo caminha
com a elegância da ave
e vem pousar
no teu olhar comprometido.
queria dizer a palavra certa
mas eu aceito o mundo
com erros maiores que os teus.
basta-me o que não diz
coisa nenhuma
e ficaremos a olhar o dia
até que o dia volte
e o verbo voe de novo,
elegante como a ave.
(21.02.2009)

Interrogação existencial

Essa pergunta tem o som do Infinito:
conta, uma a um, os átomos das areias.
A resposta não a sei, nem a reflicto:
só balbucio incertezas, mas a meias.

É que

À hipótese, Criador, que eu decida
se, de verdade, queria mesmo nascer
Digo que gasto nela a inteira vida
e só além do fim vou responder.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

De olhos bem abertos

Se fechar bem os olhos, vejo-te
mesmo se os abro e estás comigo;
e no sonho que abro ao fechá-los, beijo-te
pois se os abro e te olho, nem consigo

segunda-feira, 25 de maio de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

Ainda a homenagem

o antigo, o moderno e o clássico.
talvez seja assim o Cinema
(ao fundo desta rua, virada de
frente, fica a Cinemateca)

sábado, 23 de maio de 2009

era não mais

o que havia era não mais
- embora imenso -
que uma incandescência d'alma
quando o teu sorriso se imiscuia
nas palavras caladas
e os gestos se reduziam
a um olhar cativo

sexta-feira, 22 de maio de 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Gira-Discos



Venerandos do Desembargo que me desculpem, mas foi com esta banda sonora que enderecei as competentes alegações.

Simplesmente excelente!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Rostro de vos

Rostro de vos

Tengo una soledad
tan concurrida
tan llena de nostalgias
y de rostros de vos
de adioses hace tiempo
y besos bienvenidos
de primeras de cambio
y de último vagón.

Tengo una soledad
tan concurrida
que puedo organizarla
como una procesión
por colores
tamaños
y promesas
por época
por tacto
y por sabor.

Sin temblor de más
me abrazo a tus ausencias
que asisten y me asisten
con mi rostro de vos.

Estoy lleno de sombras
de noches y deseos
de risas y de alguna
maldición.

Mis huéspedes concurren
concurren como sueños
con sus rencores nuevos
su falta de candor
yo les pongo una escoba
tras la puerta
porque quiero estar solo
con mi rostro de vos.

Pero el rostro de vos
mira a otra parte
con sus ojos de amor
que ya no aman
como víveres
que buscan su hambre
miran y miran
y apagan mi jornada.

Las paredes se van
queda la noche
las nostalgias se van
no queda nada.

Ya mi rostro de vos
cierra los ojos
y es una soledad
tan desolada.

Mario Benedetti
Saudosa Homenagem

segunda-feira, 18 de maio de 2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009

aviso

aviso-te que os sinos não dobram,
muito que queiras, e não sobram
no altar das bebedeiras mais momentos
que gastos recatos. nem melhores pensamentos
valem os passos dos sapatos. podes crer
que o mundo é colorido, que sempre vais saber
que o perigo é um segundo. E morrer
só apenas (santos dilemas!) o fechar
de olhos de um novo respirar.

tempo decrépito

ainda me abismo com o teu regresso
de todas as horas,
e anseio que os seus minutos
sejam segundos rápidos,
estatelados em partículas ansiosas
por largar do rasto.
o resto é nada.
é que a saudade destrói-me outras memórias
e finjo aguentar os dias
como uma velha folha de calendário
perdida entre as nádegas de um anúncio de pneus
e a teia cadavérica de uma aranha ausente.

terça-feira, 12 de maio de 2009

na fé que lhe move os passos

e caminha ao longo da vida
nem teimosia, nem despedida
não há sol que o teme, não há maré
tem qualquer coisa de hino, de fé
gasta os pés na areia indolente
vai sozinho?
- mas vai em frente!

domingo, 10 de maio de 2009

Queria ter a profundidade dos peixes
E a liberdade dos homens

Daniel Faria, O Livro do Joaquim (Porto, 14.07.1993)

sábado, 9 de maio de 2009

O mais infeliz gesto

sssss Creio que o mais egoísta dos homens é
aquele que recusa dar aos outros a sua fragi-
lidade e as suas limitações. Quem recusa aos
outros a sua pequenez, comete um dos mais
infelizes gestos de prepotência.x E porque aí
se rejeita, aos outros não poderá dar senão o
sofrimento da perda. Querendo-se sem falha,
será o mais incompleto dos seres.
hhhhhhhhhhh
Daniel Faria, O Livro do Joaquim, fls. 8

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Os rios não decidem as suas pontes
Nem os moinhos decidem o vento
Os ramos não decidem os seus ninhos.
hhhhhhhhhh
Daniel Faria, O Livro do Joaquim
Reprodução facsimilada, fragmento sem data, fls. 17
Edições quasi, Maio de 2007

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Rua Alexandre Herculano

No café Coimbra pastéis de Tentúgal,
os dois diários, equidistantes
a Buchholz a Cinemateca,
vida de clochard com multibanco.

Pedro Mexia, Eliot e Outras Observações, Gótica, 2003

(de tanto calcorrear o espaço, hoje num calor impróprio, veio-me à ideia este poema tão lisboeta; por outro lado, parece que a citada livraria está a terminar - como tanta coisa boa e antiga - guardando saldos para a despedida)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

assim, dou-te...

lancei o risco na roleta do teu propósito,
ilusão puríssima de torpe devaneio
e no triste fardo constatei, de permeio
que só me sobrou o argumento ilógico

assim, dou-te

um beijo de suborno
um lenço de chorar
num tempo quase morno
o querer, de volta, voltar

sábado, 2 de maio de 2009

Nos teus dedos nasceram horizontes
e as aves verdes vieram desvairadas
beber neles julgando serem fontes
ggggggggggggg
Eugénio de Andrade, As mãos e os frutos, V

sexta-feira, 1 de maio de 2009