quinta-feira, 24 de março de 2011

lá longe, onde a vista mistura o horizonte
há um homem que parece pedra de montanha
e no escuro do olhar íntimo procura uma busca
que ultrapassa o profundo silêncio dum
sonho por completar. inteiro só o vento, a derrubar-lhe
os cabelos brancos, onde deixou outras marés
sem glória, outras mulheres, e a vitória, rara,
de um não deixado de dizer. sobem-lhe
aos braços os pássaros do presságio
(que suba rápido e bem)
- malhas de um império sem mãe,
e a noite já não vem
a tempo da memória.

quarta-feira, 9 de março de 2011

enquanto um de nós estiver vivo
seremos sempre todos

(e se eu morrer antes do sempre,
resguarda-me o lugar que te aquecer
a memória dos dias frios, e senta-te
no lugar de ambos, aquele que podia
ser de qualquer um)


há mais estrelas no céu que corpos esvaziados:
escolhe aquela, próxima,
de onde possamos dizer adeus,
nesse gesto mentiroso
de quem está sempre a ver-se.

(a ler JLP, o maravilhoso a criança em ruínas)

quadro 5

silêncio

(como se escreve silêncio
sem ouvir a palavra?)

e se, às vezes, houver resposta?

pergunta ao vento se
voltarás a voar na terra dos gestos,
onde as sombras são súplicas de regresso
e as aves reforçam a ruína dos aterros;
talvez uma nuvem se desenhe em palavra de resposta,
e talvez seja esperança, como o reencontro
de um sorriso perdido num passeio de montanha
ou a cor lembrada duma porta onde se escondia
a menina dos teus olhos; pergunta devagar
como quem aceita um fim
porque a resposta pode não ser.

sábado, 5 de março de 2011

O tteemmppoo arrasta-se (como que duplicado); leeennnttaammmeeeeeennte, muito lleeeennntttammmmeeeeeeennnttttteeeeee.

(referências: o corpo como arte, Manoel de Oliveira e Ponto Omega, Don DeLillo)