A VERDADE A porta da verdade estava aberta, Mas só deixava passar Meia pessoa de cada vez. Assim não era possível atingir toda a verdade, Porque a meia pessoa que entrava Só trazia o perfil de meia verdade, E a sua segunda metade Voltava igualmente com meios perfis E os meios perfis não coincidiam verdade... Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta, Chegaram ao lugar luminoso Onde a verdade esplendia seus fogos. Era dividida em metades Diferentes uma da outra. Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. Nenhuma das duas era totalmente bela E carecia optar. Cada um optou conforme Seu capricho, sua ilusão, sua miopia."
Há outros dias que não têm chegado ainda, que estão fazendo-se como o pão ou as cadeiras ou o produto das farmácias ou das oficinas - há fábricas de dias que virão - existem artesãos da alma que levantam e pesam e preparam certos dias amargos ou preciosos que de repente chegam à porta para premiar-nos com uma laranja ou assassinar-nos de imediato."
dançam na praia; na orla onde se vai acumulando uma primeira espuma; de que surge a segunda; que segrega, por sua vez, o atídoto do mar; usado sobre os rostos, contra a acidez do sal, do iodo, e esse trabalho atrasa mais o movimento já difícil de quem dança desde o crepúsculo; talvez possam chegar à madrugada; mas não podem refugiar-se noutra noite, ao fim do túnel diurno.
Si no es el mar, si es su imagen, su estampa, vuelta, en el cielo. Si no es el mar, si es tu voz delgada, a través del ancho mundo, en altavoz, por los aires. Si no es el mar, si es su nombre en un idioma sin labios, sin pueblo, sin más palabra que ésta: mar. Si no es el mar, si es su idea de fuego, insondable, limpia; y yo, ardiendo, ahogándome en ella.
"É preciso acreditar! É preciso acreditar que o sorriso de quem passa é um bem p’ra se guardar; que é luar ou sol de graça que nos vem alumiar, com amor alumiar.
É preciso acreditar! É preciso acreditar que a canção de quem trabalha é um bem p’ra se guardar; que não há nada que valha a vontade de cantar, a qualquer hora cantar.
É preciso acreditar! É preciso acreditar que uma vela ao longe solta é um bem p’ra se guardar; que, se um barco parte ou volta, passará no alto mar e que é livre o alto mar.
É preciso acreditar! É preciso acreditar que esta chuva que nos molha é um bem p’ra se guardar; que sempre há terra que colha um ribeiro a despertar para um pão por despertar."
"Levadinho para o mar Vai o rio mansamente, Fala à areia que é seu par O murmúrio da corrente.
A noite é linda, serena; Que encanto vai lá nos céus, Para vencê-lo morena Só os teus olhos nos meus.
É como a água do mar O amor na viração, Beija a praia e ao voltar Traz de novo o coração.
(estribilho) O céu tem estrelas, Lá anda o luar Brincando com elas Na roda sem par.
A ti meu amor Eu te peço cativo, A ti que és a flor Por quem eu só vivo.
Não vá eu ficar Na roda sem par."
Incipit: Levadinho para o mar Música: Luís Pinto de Albuquerque Letra:Fernandes Duarte Origem: Coimbra Função inicial: Fogueiras de São João; serenata popular Data: 1906
17 comentários:
Dia DOIS de ABRIL....
A VERDADE
A porta da verdade estava aberta,
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade,
E a sua segunda metade
Voltava igualmente com meios perfis
E os meios perfis não coincidiam verdade...
Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta,
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual
a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela
E carecia optar.
Cada um optou conforme
Seu capricho,
sua ilusão,
sua miopia."
(Carlos Drummond de Andrade)
"Há 3 coisas que jamais voltam: a flecha lançada, a palavra DITA e a oportunidade perdida"
Provérbio Chinês
Tinhamos a luz nos olhos,
entre as casas e o mar
soletrando letras,escolhos
verbos de dizer amar.
Aprendiamos em silêncio,
oh!, tantas vezes mais
eu dizia o que não penso
fingindo-te os meus ais.
Caminhavamos pela areia branca
chapinhando no sal os pés;
olhava-te como a uma santa
a quem se devotam as fés.
Houve um tempo que se acreditou
em mútuo acordo
Que chegava sonhar
no lugar do outro
Trocando intenções,
voando promessas.
Volta, luminoso luar
de lua perdida;
Encontra na vida
o silêncio a emprestar.
"Esperemos
Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos
com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato."
Pablo Neruda
dançam na praia;
na orla onde se vai acumulando
uma primeira espuma;
de que surge a segunda;
que segrega, por sua vez,
o atídoto do mar;
usado sobre os rostos,
contra a acidez do sal, do iodo,
e esse trabalho atrasa mais
o movimento já difícil
de quem dança
desde o crepúsculo; talvez
possam chegar à madrugada;
mas não podem
refugiar-se noutra noite, ao fim do túnel diurno.
Carlos de Oliveira, Dança, I
O TEU RETRATO
Deus fez a noite com o teu olhar,
Deus fez as ondas com os teus cabelos;
Com a tua coragem fez castelos
Que pôs, como defesa, à beira-mar.
Com um sorriso teu, fez o luar
(Que é sorriso de noite, ao viandante)
E eu que andava pelo mundo, errante,
Já não ando perdido em alto-mar!
Do céu de Portugal fez a tua alma!
E ao ver-te sempre assim, tão pura e calma,
Da minha Noite, eu fiz a Claridade!
Ó meu anjo de luz e de esperança,
Será em ti afinal que descansa
O triste fim da minha mocidade!
António Nobre
MAR DISTANTE
Si no es el mar, si es su imagen,
su estampa, vuelta, en el cielo.
Si no es el mar, si es tu voz
delgada,
a través del ancho mundo,
en altavoz, por los aires.
Si no es el mar, si es su nombre
en un idioma sin labios,
sin pueblo,
sin más palabra que ésta:
mar.
Si no es el mar, si es su idea
de fuego, insondable, limpia;
y yo,
ardiendo, ahogándome en ella.
Pedro Salinas (1892-1951)
Fuego insondable!!!!
Sem dúvida
(parece que o Blogue está conectado à fonte da poesia)
"Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.'
Florbela Espanca
Vencido
(no que a felicidade tem de ler)
parte em buscar do lençol perdido
que o tempo é sempre o que houver.
B. Noite
Um novo dia nasce com o Sol
(bem, ao tempo que por aí anda)
já sem o risco das mentiras de ontem...
Chegam as de todos os dias
e, como as verdades,
têm de ser bem vindas.
"É preciso acreditar!
É preciso acreditar
que o sorriso de quem passa
é um bem p’ra se guardar;
que é luar ou sol de graça
que nos vem alumiar,
com amor alumiar.
É preciso acreditar!
É preciso acreditar
que a canção de quem trabalha
é um bem p’ra se guardar;
que não há nada que valha
a vontade de cantar,
a qualquer hora cantar.
É preciso acreditar!
É preciso acreditar
que uma vela ao longe solta
é um bem p’ra se guardar;
que, se um barco parte ou volta,
passará no alto mar
e que é livre o alto mar.
É preciso acreditar!
É preciso acreditar
que esta chuva que nos molha
é um bem p’ra se guardar;
que sempre há terra que colha
um ribeiro a despertar
para um pão por despertar."
Cortaram as asas
ao rouxinol.
Rouxinol sem asas
não pode voar.
Quebraram-te o bico,
rouxinol!
Rouxinol sem bico
não pode cantar.
Que ao menos a Noite
ninguém, rouxinol,
ta queira roubar.
Rouxinol sem Noite
não pode viver.
Sebastião da Gama
"Levadinho para o mar
Vai o rio mansamente,
Fala à areia que é seu par
O murmúrio da corrente.
A noite é linda, serena;
Que encanto vai lá nos céus,
Para vencê-lo morena
Só os teus olhos nos meus.
É como a água do mar
O amor na viração,
Beija a praia e ao voltar
Traz de novo o coração.
(estribilho)
O céu tem estrelas,
Lá anda o luar
Brincando com elas
Na roda sem par.
A ti meu amor
Eu te peço cativo,
A ti que és a flor
Por quem eu só vivo.
Não vá eu ficar
Na roda sem par."
Incipit: Levadinho para o mar
Música: Luís Pinto de Albuquerque
Letra:Fernandes Duarte
Origem: Coimbra
Função inicial: Fogueiras de São João; serenata popular
Data: 1906
As saudades do mar
Escoam-se os minutos vãos
como se escoa o pranto
e eu olho com raiva e espanto
as minhas mãos.
Vazias. estrangularam o vento.
E seu voo, quando querem voar,
é lento como o desalento.
- Que saudades do mar.
Do mar daquela terra estilhaçada
que é minha, da minha raça
que não tem direito a nada
mas tem direito à desgraça
Desgraça. E as minhas mãos olhando,
com raiva e espanto, eu cismo
que são dois pedaços de cortiça boiando
no tempo, à beira do abismo.
Sidónio Muralha (1920 - 1982)
"Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver."
Sophia de Mello Breyner Andresen
E...fico "lendo no escuro",para não falar das saudades que tenho do mar!!!
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