quarta-feira, 2 de abril de 2008

ROTH - KUNDERA

ROTH – Lo característico de su prosa es la constante confrontación entre lo privado y lo público (…) usted continuamente nos está haciendo ver que los hechos políticos están gobernados por las miesmas leyes que los privados, logrando así que su prosa se convierta en una espécie de psicoanálisis de la política.

KUNDERA – La metafísica del hombre es la miesma en la esfera privada que en la pública. Tomemos, por ejemplo, el outro tema del libro, el olvido. Este es el gran problema privado del hombre: la muerte en cuanto perdida del yo. Pero, qué es el yo? Es la suma de todo lo que recordamos. Así, lo que nos aterroriza de la muerte no es la pérdida del futuro, sino la pérdida del passado. El olvido es uns forma de muerte que siempre está presente en la vida. Ése es el problema de mi protagonista femenino, que trata desesperadamente de preservar la evanescente memoria de su amado marido difunto. Pêro el olvido es también el grande problema de la política…

ROTH – En la sexta parte de su libro de las variaciones la principal protagonista, Tamina, llega a uns isla en la que solo hay niños. Éstos, al final, la acosan hasta la muerte. Es un sueño, un cuento de hadas, una alegoría?

KUNDERA – No hay nada más ajeno a mí que la alegoría, es decir la historia inventada põe el autor para ilustrar alguns tesis. Los hechos, reales o imaginários, han de tener significado per se, y el lector ha de rendirse ingenuamente a sua fuerza y su poesía. Siempre me ha perseguido esa imagen. Incluso, durante cierto período de mi vida, la soñaba de modo recurrente: alguien se encuentra de pronto en un mundo de niños, del que no puede escapar. Y la niñez, que tanto amamos y que tantos sentimientos líricos nos evoca, resulta ser un puro horror…

Philip Roth, El oficio: un escritor, sus colegas y sus obras.

5 comentários:

Anónimo disse...

"A unicidade do "eu" se esconde exatamente no que o ser humano tem de inimaginável. Só podemos imaginar o que é idêntico em todos os seres, o que lhes é comum. O "eu" individual é o que se distingue do geral, portanto o que não se deixa adivinhar nem calcular antecipadamente, o que precisa ser desvendado, descoberto, conquistado no outro."

Milan Kundera

Anónimo disse...

"Não sei quantas almas eu tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem vê e só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
releio e digo:"Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu."

Fernando Pessoa

Anónimo disse...

"A medo vivo, a medo escrevo, e falo,
Hei medo do que falo só comigo;
Mas ainda a medo cuido, a medo calo.
Encontro a cada passo, c’um inimigo
De todo bom espírito; este me faz
Temer-me de mim mesmo, e do amigo."


António Ferreira, Séc.XVI

Anónimo disse...

"Os poetas não inventam os poemas
O poema está algures lá atrás
Há muito tempo que lá está
O poeta não fez senão descobri-lo."
Jan Skacel
______________
"No acaso da rua o acaso da rapariga loira.
Mas não, não é aquela.

A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.

Perco-me subitamente da visão imediata,
Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,
E a outra rapariga passa.

Que grande vantagem o recordar intransigente!
Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,
E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta.

Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!
Ao menos escrevem-se versos.
Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por génio se calhar.
Se calhar, ou até sem calhar,
Maravilha das celebridades!

Ia dizendo que ao menos escrevem-se versos...
Mas isto era a respeito duma rapariga,
De uma rapariga loira,
Mas qual delas?
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,
Numa outra espécie de rua;
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade
Numa outra espécie de rua;
Porque todas as recordações são a mesma recordação,
Tudo o que foi é a mesma morte,
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?

Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional!
Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas?
Pode ser... A rapariga loira?
É a mesma afinal...
Tudo é o mesmo afinal...

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isso é o mesmo também afinal."
Álvaro de Campos

Anónimo disse...

Para todos que gostam de Kundera, recomendo "A Lentidão".