segunda-feira, 7 de abril de 2008

lendo no escuro

Contorno suavemente as tuas palavras,
A socorrer-lhes o (meu) sentido íntimo
Mas não tenho atrito e elas são vidradas
Deixa-me a dúvida de sentir o que sinto.

Apalpo o fôlego que como som lhes sobra
E tento escutá-las só com os gestos da mão
Afago-as mais ao peito, ponho-me à prova:
Se é o teu ou o meu o respirar do coração.

Mas as palavras esgotam-se no escuro
E eu confundo cada um dos corações;
Aproveito e digo amo, num sussurro,
Como quem soletra as suas orações.

13 comentários:

Anónimo disse...

"É possível falar sem um nó na garganta.
É possível amar sem que venham proibir.
É possível correr sem que seja a fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão.
É possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros.
Se te apetece dizer não, grita comigo: não!
É possível viver de outro modo.
É possível transformar em arma a tua mão.
É possível viver o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre, livre, livre."

Manuel Alegre
"Contorno suavemente as tuas palavras...Mas não tenho atrito e elas são vidradas..."

Anónimo disse...

Confiança

O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...

Miguel Torga

..."Como quem soletra as suas orações"

Anónimo disse...

"escuta amor

talvez num dia
em que de mim nada nais exista
te lembres de dois braços
que te abraçaram convulsivamente
nessa altura
deixa que os lábios te sangrem
deixa que o sangue
te corra pelo peito

e as mãos
essas
abandona-as..."

Mário Henrique Leiria (1923 - 1980)

Anónimo disse...

"Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte."

Alexandre O'Neill

"Há palavras que nos beijam"

Anónimo disse...

Reparo que este blog é, essencialmente, uma compilação de poemas...

Denota que o autor é uma pessoa ilustrada. Mas, apelo à criatividade pessoal.

Sucessos literários

Anónimo disse...

Do Castro posso falar,trouxe-o ao Mundo,é uma pessoa ilustrada e um Filho ilustre,dei-lhe o tutano da VIDA!!!

Anónimo disse...

Também para se ser arquivista, caso fosse esse o ofício destes escribas, é preciso criatividade. Nem tudo é digno de ser coleccionado ou etiquetado. Verdadeiramente, acredito que existem certos aforismos ou outros tantos ditos cuja perda em algum plúvio redemoínho de esquecimento não constitui desgraça nenhuma.

Anónimo disse...

Cá eu gosto intensamente de muitas das coisas que por aí andam, e não é só poesia, mas esta tem muitos originais bem conseguidos.

Anónimo disse...

Cá eu também acho que se há muitos poemas, ainda bem, mesmo nos comentários. Pena que o tempo seja pouco e não chegue sempre para ler tudo.

Anónimo disse...

O título deste poema, mesmo que copiado (e tudo o que dizemos já foi dito) é muito conseguido. e é também o título do livro de um grande escrito irlandês.

Nota à parte: a Irlanda é o nunho dos maiores escritores do mundo.

Anónimo disse...

Lendo à luz, ainda que plúvia, e... apesar do redemoinho,"as palavras esgotam-se no escuro"

Anónimo disse...

Assis Brasil define poesia,como:
"(...) uma manifestação cultural, criativa, expressiva do homem. Não se trata de um ´estado emotivo`, do deslumbre de um pôr-do-sol ou de uma dor-de-cotovelo; é muito mais do que isso, é uma forma de conhecimento intuitivo, nunca podendo ser confundido o termo poesia com outro correlato: o poema".
Daí fica claro que um é o objecto e, o outro, a manifestação.

Anónimo disse...

"Cada homem é o seu próprio poeta"