A noite ia já escurinha quando volveu a casa, só umas luzes fatigadas faziam de pirilampos. Também o coração lhe estava pouco iluminado. Andava a mãe pela Beira, à beira das tias anciãs que depenicavam afazeres de lavoura perdulária. Pensou frigir um ovo, a burlar o estômago. Mas atormentava-o o desencontro. Tinha que deixar nas letras o desgosto que o atravessava. No papel rosado, redigiu
Menina Rosarinha. Predilecta.
Daqui lhe entoa, suplicante, o Calisto que seus olhos apartaram, deixando os dele turvados de pranto.
Bebeu um vaso de água fresca e sacudiu-se. Voltou à suave pena, lavrando as que o padeciam.
Daqui lhe entoa, suplicante, o Calisto que seus olhos apartaram, deixando os dele turvados de pranto.
Bebeu um vaso de água fresca e sacudiu-se. Voltou à suave pena, lavrando as que o padeciam.
1 comentário:
Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
Florbela Espanca
Enviar um comentário