sábado, 18 de julho de 2009

Naquele (perdido) tempo...

lá longe
substituíamos as horas
pelos beijos futuros nunca dados
perdidos à porta da condescendente vergonha.
foi o diabo que nos afiançou
sempre haver tempo
prometendo grandezas
se evitássemos gestos.
sabia de cor as linhas do tabliê
muito melhor que os riscos das sebentas
e de saber sem sabor
faltou o gosto dos teus lábios
- embora de tanto os sonhar humedecidos
possa chorá-los nas gotas da memória.
(5.02.2009)

1 comentário:

Passiflora Maré disse...

Caro Augusto, a nossa geração é aparentemente a última a saber escrever sobre beijos futuros nunca dados, ou sobre a perda à porta da condenscendente vergonha.
Obrigada, por este poema universal escrito no masculino.
Está com um belo sabor!