sexta-feira, 17 de julho de 2009

John Coltrane


2 comentários:

AugustoMaio disse...

"Quando,
à hora do Jazz
a minha cabeça rola
pelo tecto pintado do café,
a parede em frente é uma visão de escola
onde o menino de bibe e gola
sonha com aquilo que não é.

E até os criados
têm ares purificados
como ascetas de um branco ritual.
E os mármores das mesas,
com desenhos obscenos,
surdinam vagas rezas...

E as garrafas dos álcoois e absintos
em garbos áticos
oferendam viáticos...

E há toalhas e há velas acesas!

E ela vem sempre
(só a cabeça dela
que o corpo
perdeu-o, porventura
nalgum quarto escuro de aluguer).
Ela vem sempre,
como naquele dia, serena e amavia,
única e excepcional

Café, Saul Dias (Júlio Maria dos Reis Pereira, irmão de Régio), 1902 - 1983.

AugustoMaio disse...

Palpitam-me
os sons do batuque
e os ritmos melancólicos do blue.

Ó negro esfarrapado
do Harlem
ó dançarino de Chicago
ó negro servidor do South

Ó negro de África
negros de todo o mundo

eu junto ao vosso magnífico canto
a minha pobre voz
os meus humildes ritmos.

Eu vos acompanho
pelas emaranhadas áfricas
do nosso Rumo

Eu vos sinto
negros de todo o mundo
eu vivo a nossa história
meus irmãos.

Voz de Sangue, Agostinho Neto (1922 - 1979)