terça-feira, 18 de novembro de 2008

Trilogia Breve

A queda breve do corpo, essa, fora amenizada pelo macio cobertor de relva que o recebera. Foi contrariado que se apercebeu como, segundos passados, dois ou três, nada prolongava aquele momento de vertigem; apenas teimava, sorrateiro, o sobressalto incomodado daquele estranho vulto, deitado no jardim fronteiro à casa onde, há vários anos, ocupava sonolentos fins-de-semana.
O som da noite retornara: o ruído continuado das cigarras, a insistência hipnótica de um grilo e o vago deslizar da brisa do verão que se anuncia.
Dentro de si, perante o vazio dos sinais exteriores, crescia rápida a evidência que o que ocorrera não acontecera afinal.
A realidade desmentia-se e já não apetecia ignorar os minutos de tranquila apatia que, devagar, se somavam.
A custo, acabou por sacudir o torpor, desfazendo-se da arma e decidindo enfim levar o corpo inerte para longe dali, largando-o mais adiante num pequeno ribeiro, ainda veloz.
Olhou como a corrente das águas arrastava o rapaz para longe.
Regressou, pressuroso, a casa. Apercebeu-se ao entrar na sala que o filme que acompanhava na televisão recomeçara havia pouco, após um longo intervalo publicitário.
ggggggggggggg
José Igreja Matos, Trilogia breve, A Contos Com A Justiça

2 comentários:

Anónimo disse...

É para postar tudo?

AugustoMaio disse...

Por uma questão de "Justiça": só os onze bons e os bons quinze.