terça-feira, 18 de novembro de 2008

Testemunho

Já nem valia a pena gritar.
O silêncio de cada um era, ali, um grito permanente de socorro.
O silêncio dos dois começou a unir-se num só grito, que já não conseguiam controlar, que tinha cada vez mais força e os empurrava para longe das memórias felizes, tornando-as vagas, confusas, irreais.
No entanto, à volta deles estava tudo igual.
Só eles tinham mudado.
Acusavam-se mutuamente, sem repararem que não eram mais os mesmos.
Dentro de cada um tinham crescido as dúvidas sobre tudo o que não foram as suas vidas.
Essa dúvida cresceu até fazer parecer insignificantes os pedaços de felicidade dos últimos anos.
Mais e mais insignificantes, até se tornarem invisíveis.
essa dúvida, que pode chegar mais cedo ou mais tarde, que pode surgir repentinamente e desaparecer, sem estragos, ou pode instalar-se definitivamente e imepedir a vida, acompanhada da vantagem própria daquilo que pode ser preenchido com o sonho.
E o sonho ganha sempre à realidade.
iiiiiiiiiiiiiiii
Elisabete Valente, Testemunho, A Contos Com A Justiça

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