segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Quando tudo arde

Que farei quando tudo arde?
SÁ DE MIRANDA

mmmmmo olhar que ao ir-mos embora nos segue até à porta e desiste, e escurece, e fica para ali
mmmmmum objecto sem lugar

António Lobo Antunes, Que farei quando tudo arde

Que farei no outono quando ardem
as aves e as folhas e se chove
é sobre o corpo descoberto que arde
a água do outono

Que faremos do corpo e da vontade
de o submeter ao fogo do outono
quando o corpo se queima e quando o sono
sob o rumor da chuva se desfaz

Tudo desaparece sob o fogo
tudo se queima tudo prende a sua
secura ao fogo e cada corpo vai-se

prendendo ao fogo raso
pois só pode
arder imerso quando tudo arde

Gastão Cruz, As Aves, Transe (antologia 1960 - 1990)

4 comentários:

Anónimo disse...

Arranja-se uma bela cama e um belo parceiro, e deixa-se arder, quanto mais quente melhor...

Anónimo disse...

Inventa-se um rio de águas quentes, que apague um fogo seco e inicie um fogo húmido...

Anónimo disse...

isto do fogo e do arder...
deve ser apra as castanhas, não?

Anónimo disse...

Quentes e boas, mas este ano mais caras, segundo reportagem.