segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Fim

Maior parte das vezes o fim assume sempre formas diferentes, mas mantém sempre a mesma consistência…
“Eu sinto, cada vez mais frequentemente, desejo por outros homens.” Disse a Cristina fitando o infinito vazio da rua, evitando olhar para mim.
Conseguem sentir o ar a tornar-se viscoso?, tornando cada vez mais difícil qualquer tipo de movimento ou reacção?
“Talvez, se fosses mais homem, nós poderíamos ter tido mais sexo” continua ela, plastificando a gosma incolor e inodora que nos rodeia, impedindo-me de respirar de uma forma normal, turvando a minha memória.
O regresso a casa foi difícil, demasiado lento e obscuro. Aquilo mais recordo é a imagem dos edifícios que se pareciam arquear sobre a rua…

2 comentários:

Unknown disse...

O sexo da revolta? Ou a revolta dele... sexo?

Passiflora Maré disse...

Caro Paulo, li e reli o seu texto uma meia dúzia de vezes e tenho de lhe dar os parabéns, pela realidade das sensações possíveis que podem ser experimentadas, por um homem ao ouvir uma tal afirmação da boca de uma mulher, ou vice versa.
Embora deixe que lhe diga que no homem a coisa fia mais fino, que é como quem diz, cala mais fundo.