quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Dos Dias Monótonos

Não é, pois, necessário que te prepares para as crises; são horas em que sempre - se não és totalmente apagado - te encontrarás acima de ti próprio; mil elementos te farão pedestal; tão alto subirás que só te será difícil, passada a exaltação, não te admirares do que fizeste; vês-te incapaz de repelir o golpe; e para a fama do herói certamente contribui este espanto que o toma de se não ter sempre igual, de em determinada conjuntura ter passado sobre ele o apelo dos deuses.
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É para todos os dias que precisas de educar e afinar a alma; é para te sentires o mesmo em todos os minutos que deves dominar os impulsos e ser obstinadamente calmo ante as dificuldades e os perigos, as alegrias e os triunfos. O constante exercício do ginasta te sirva de estímulo e de guia; que saibas dar um passo com a mesma segurança, leveza e calma com que poderias dar um salto; aprende a ter nas resistências o esforço dos ataques.
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O que a vida apresenta de pior não é a violenta catástrofe, mas a monotonia dos momentos semelhantes; numa ou se morre ou se vence, na outra verás que o maior número nem venceu nem morreu: flutua sem norte sem esperança. Não te deixes derrubar pela insignificância dos pequenos movimentos e serás homem para os grandes; se jamais te faltar a coragem para afrontar os dias em que nada se passa, poderás sem receio nesperar os tempos em que o mundo se vira.

Agostinho da Silva, Considerações, Dos Dias Monótonos

2 comentários:

Passiflora Maré disse...

Belíssimas considerações, caro Augusto, e muitíssimo realistas.

Anónimo disse...

Muito profundo e oportuno. Sempre adequada a lembrança do grande e austero Mestre Agostinho da Silva.