sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Naufrágio das palavras

Amedrontam-me as palavras que te digo
por ter a certeza que me aproximam
de tudo o que não sou capaz de dizer.

Temo com isso perder
as que diria
se não fora eu a falar
mas a poesia.

4 comentários:

Anónimo disse...

De facto, a poesia deixa, por vezes, muito por dizer.

Passiflora Maré disse...

De facto, a poesia, com a sua multilicidade de sentidos e interpretações é mais hábil a dizer...
Mas não seremos nós quem faz a poesia???
Ou só a faremos, solitários e sem interlucotor????

Anónimo disse...

É mais sem interlocutor.

Anónimo disse...

Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.

Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
--- Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor

Miguel Torga