segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Furo o chão para dar passagem
à toupeira. Ela ascende. Dança com
o fogo. Dou aos animais as vivências
que me sobejam. Reparto com Eurípedes
o pão. Uma parte do todo pertence ao poema
outra à minha voragem. O charco

refresca-me. Está presente. Oscilo
entre o cénico e o lírico. As coisas
que me rodeiam são. Cada uma prepara
a sua transformação. A abstracção que está
próxima da abstracção. Um cansaço apaga-as

O fôlego dos poemas esgota-se.
As pontas das chamas chiam.
Aqui nós somos existentes. Quem passa
no ar? Tiras de nuvens
carbonizadas. Horizonte onde Bóreas
ainda está.

Fiama Hasse Pais Brandão
Poesia em Porto Santo, Antologia 1998

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