sábado, 12 de abril de 2008

Pastelaria Catita.7

Suplicados pelos pedidos dos radiouvintes, a hertziana debitava desejos. A frase é, Poupe mais que tostão no novo sifão; dedicada a todos quanto ganham o seu pão ao longo das frias horas da madrugada (e o locutor pigarreava exemplos consabidos: o padeiro que amassa, o almeida que recolhe, digo mesmo, com permissão dos excelentíssimos ouvidos ouvintes, a senhora de vida cujo destino atraiçoou e cobra momentos ao freguês solitário) anuncio, Povo que lavas no rio, na voz inconfundível da diva e sobre as letras do poeta Homem.
O rio não lava nada, pelo menos a tristeza, disse-se Calisto.
Reiniciou o propósito, inclinando o aparo de ouro no papel em súplica. Tinha que lhe ser mais directo: agora, a esperança que formatara em quimera desvanecia-se em pingos de permanente.
Dizer-lhe, apenas, que estava despedaçado, porque uma injustiça pintada de promessa dói muito?
Repentinamente, apeteceu-lhe triturar o rascunho e deitar ao vento uma praga de futuro: que a Rosarinha ficasse aconchegada nos picos dolorosos do caule; que se espatifasse contra um valdevinos quejando, ingrato até mais não.
Amanhã havia de falar com o colega de escritório, que era um mulherengo sabido.

8 comentários:

Anónimo disse...

...tão só isto:"O silêncio é de ouro,a palavra de prata"

Anónimo disse...

eu sei lá! eu sei lá...

Anónimo disse...

Está por definir, certamente ao gosto do autor, se isto é um romance, uma crónica de costumes ou de uma determinada época, um misto de paródia e seriedade. A falta de definição compremete a apreciação e o gosto, mas acaba por melhorar a obras; se é for efectivamente boa, claro.

Anónimo disse...

"Eu que não sei,
que posso aprender?"

Anónimo disse...

Ilustre autor:
Ficar-lhe-ia bem que definisse se "isto" é:
-um romance
-uma crónica de costumes ou de uma determinada época
-um misto de paródia e seriedade.
A falta de definição compremete a apreciação e o gosto, mas não me parece,salvo melhor opinião, que acabe por melhorar a obra.
Quanto ao gosto..."há gostos para tudo"...mais para alguns, que para outros!

Anónimo disse...

Oh Sr.Calisto,julgava-o um homem envergonhado,pensador,mas..."brejeiro"nunca!
Mal empregado o aparo de ouro!

Anónimo disse...

foi o locutor, paciência...

Anónimo disse...

Vá lá...que a culpa não morreu solteira!