sexta-feira, 28 de março de 2008

Já a raiz é rio



As raízes/depois de pensadas/pesam

Um fio/com o peso da germinação/então um rio/condiz/raiz/com o chão

Já a raíz é rio/e sai do chão/com peso para cima/tal como cai/do pensamento a rima

É mais perfeito o peso/da raíz/quando se diz/que o pensamento a gera

FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO

2 comentários:

Anónimo disse...

O espírito esboça, mas é o coração que modela.
Auguste Rodin

Anónimo disse...

Obrigado pela lembrança e pela memória desta grande poeta portuguesa.

Como próxima de Fernando Pessoa, sempre mas também aqui, deixo este acrescento:

"Por muito que a minha escrita decalque as páginas de fernando pessoa
eu digo numa fissura do verso uma outra coisa. Que nas comemorações
da sua morte me apercebi de que ele não regressaria aonde estive presente:
a calecute.

Aí, perante as flâmulas, afastando-se começara a escrever
a mensagem com incidências subtis como a da duplicidade
de pedro o regente ou a das duas batalhas.
A bibliografia de um verso é-me, na vigília, essencial.
O poeta não subira, pois, à cobertura das naus, lera as oitavas.

Depois, na própria longínqua ortigrafia dos symbolos
inscrevera novo desígnio filosófico ou desenho. Leio-o
com a avareza de quem herda os antigos e os contemporâneos.
Apercebo-me de que apenas no fim do texto, no último poema,
o País onde o leio tem "na hora obscura" o historiógrafo, cujo nome
como o de um leitor antecede esta ambígua e ubíqua biografia"

Hora Obscura, F.H.P.B.