Ontem pela tarde ensolarada
Circulando através de Berlin a cidade morta
No regresso de um qualquer país estrangeiro
Senti pela primeira vez a necessidade
De ir desenterrar a minha mulher ao seu cemitério
Eu próprio deitei sobre ela duas pazadas cheias
E de ver o que dela ainda resta
Os ossos que nunca vi
De segurar o seu crânio na minha mão
E de imaginar o que era o seu rosto
Por detrás das mascaras que trazia
Através de Berlin a cidade morta e de outras cidades
No tempo em que estava vestido com a sua carne.
Não cedi a esta necessidade
Por medo da policia e dos comentário dos meus amigos.
Heiner Müller
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