segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Começo

Comecei a morrer numa manhã de fim de Agosto, enquanto esperava por um comboio que me iria trazer de volta a Coimbra. Um calor abafado, de nuvens baixas, criava uma estranha consistência, o que garantia à minha lenta forma de morrer uma sensação de intemporalidade. Entrei numa tasca velha e rasca e pedi um Brandy, café e cigarros. Fumei como se esperasse que algo acontecesse, mas o tempo mantinha a sua marcha da mesma forma monótona e constante...

2 comentários:

Anónimo disse...

É uma altura verdadeiramente acolhedora para se requerer a morte ou qualquer espera semelhante. Aliás, segundo o dia do nascimento de cada qual, aí está uma boa ocasião para nos metermos ao caminho...

Anónimo disse...

Sonhei que era menina
sacudindo sem jeito as migalhas do regaço
um beijo
um toque efémero que me acalmou o frio

Sonhei que era menina
ainda passageira de viagens no teu abraço
um sorriso
uma chama acesa que me aquietou o frio

Sonhei que era menina
Sarando com os dedos o teu cansaço
uma lágrima
uma porta aberta para afugentar o frio


Beijos que não me dás
Sorrisos que embarcaram
Lágrimas que a custo saem
Alma que se esvaiu ao sacudir migalhas

Pudera eu contar-te em três palavras
O triste destempero de arrimar
a imensidão de um oceano já sem ondas
Deixa lá…


Antónia