Escassas as palavras que se confundam
contigo e renovem esperanças perdidas
de quando aceitávamos todo o mundo
como luz a incandescer as tristes vidas.
Tínhamos aí quinze anos e liberdade
era Agosto, o sol queimava os corpos
nenhum saberia dizer, nem a saudade
nem a oração libertadora dos devotos.
Só nos entregávamos à inconfidência
dos beijos ressuscitados além da duna
depois de castelos d’areia em paciência
de conseguirmos o cimento que nos una.
Deixámos no mar a promessa inteira
de nunca esquecermos essa ousadia
que era a cresta agreste da soleira
nos lábios humedecidos em fantasia.
Entrelaçámos mãos em compromisso
eterno como o fulgor dos tais abraços
numa fé ainda maior que a do noviço
que a Deus entrega ambos os braços.
No Verão seguinte não te vi na onda,
senti que o desespero tinha chegado,
rogando que a mágoa, bem profunda
tivesse o mesmo desgosto do teu lado.
Mas não, não sei sequer se foi assim
porque aprendi o timbre da saudade,
fiquei sozinho, mais chegado a mim
mesmo que creditado em liberdade.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Despenteia as gargalhadas do Tempo,
Esse eterno soberano
Que sempre lhe escapa das suas mãos finas como água
De repente, a glória de um rugido aterrador...
Um pássaro arde
Enquanto uma luz escorre quase cega,
Quase um punhal,
Quase a paz.
Íris no rosto ágil da água
Pássaro no coração de lã,
Bordado a linha de ouro,
Entre serpentinas e cores de mil crianças,
Aquelas por quem corre,
Aquelas por quem sua...
A flor é esse frágil encontro:
Entre um dolente silêncio das Avé-Marias
E a firmeza dos caules de Inverno, prestes a vingar.
Embora não pareça, este livro tem a forma de um violino
Estala.
Toca.
Embala.
Encanta.
Risca os olhos, os frutos maduros,
Daqueles gestos que nunca metem medo,
Porque sossegam,
Embarcam,
Navegam...
Um pássaro, enfim,
Por suas mãos se diz...
És Agosto? Ou serás antes Maio?
(PG)
Enviar um comentário