domingo, 9 de dezembro de 2007

lágrima de preta

Encontrei uma preta/que estava a chorar/pedi-lhe uma lágrima/para a analisar.
Recolhi a lágrima/com todo o cuidado/num tubo de ensaio/ bem esterilizado.
Olhei-a de um lado/do outro e de frente/tinha um ar de gota/muito transparente.
Mandei vir os ácidos/as bases e os sais/ as drogas usadas/em casos que tais.
Ensaiei a frio/experimentei ao lume/de todas as vezes/deu o que é costume.
nem sinais de negro/nem vestígios de ódio/Água (quase tudo)/e cloreto de sódio.

António Gedeão, Máquina de Fogo (1961)

Sem comentários: