sexta-feira, 1 de abril de 2011

Chegas, agora, com todas as fibras
e olhas os meus olhos como
se fosse possível serem ainda os antigos;
fazes gestos que desaprendi,
e tudo me parece sonâmbulo,
histórias a inventar
- entre sombras e sonhos -
sem que possa galvanizar
as mãos de rugas, e o teu colo
sobre a memória já selada ao desejo
com chaves de fuga e adeus.

Podíamos caminhar num rasto novo
mas os pés ferem as pedras
que uma revolta esquecida
espalhou nos trajectos.

Resta o que sempre resta,
nada sendo; e do vazio
ainda haveremos de retirar
pedaços que a combustão não terminou;
uma imagem amolgada
ficará como o quê
dum tempo sem préstimos.

4 comentários:

p. coimbra disse...

Também tenho um que começa assim.

Chegas agora
E invades os meus braços.
Estás em todos os acasos.
Chegas agora
Com desfaçatez
E eu, tola, julgo que me vês.

Anónimo disse...

Desenvolvido, dava um poema eterno. Antónia

AugustoMaio disse...

Boa, p.c

AugustoMaio disse...

Agraciado: fica bem com música, D. Antónia.