segunda-feira, 31 de maio de 2010
se...
se eu pudesse ser deus por um instante,
só para me responder onde estou...
(anónimo, evidentemente)
só para me responder onde estou...
(anónimo, evidentemente)
domingo, 30 de maio de 2010
O amor e a palavra são crimes sem perdão. E quem pode amar o crime senão o criminoso e, por vezes, devido a um ainda mais apurado talento, ou a uma espécie de acerto no extravio, a sua vítima? O autobiógrafo é a vítima do seu crime. Mas a única graça concedida ao criminoso é o seu próprio crime.
Esta força inóspita que me corrói de dentro e extravasa pelo mundo como uma calcinação.
As montanhas deslocam-se pela energia das palavras, aparecem pessoas, animais, corolas, sítios negros, e os astros crispados pela energia das palavras, cria-se o silêncio pela energia das palavras.
Escrever é perigoso.
(os cadernos imaginários)
Herberto Helder, Photomaton & Vox
segunda-feira, 24 de maio de 2010
gestos sem mãos
rio-me do ridículo com que recordo
a doce ideia de te prender,
asfixiar só com desejos
como uma seda que
se desprende do olhar e enrola,
umas mãos feitas só de gestos
numa cintura por inventar.
despedida
o meu beijo são dois anos
distância da memória à saudade,
quando já te lembro como queria
e esqueço existires
ao levantar-me das noites longas das luas cheias.
agora posso. posso olhar o horizonte
e só te ver algumas vezes.
em busca de regresso
sou o chefe do território
onde perdeste o sonho
e voltas, árida, pé ante pé,
em busca da aurora azul.
digo-te que os sonhos se gastam,
mesmo quando cobertos
com a areia dos pés cansados;
e a respiração corrompe
os fios de aranha
que sustentavam a esperança.
regressa, que podes começar de novo
e com o mesmo sorriso queimado
com que abraçavas os junhos floridos.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
M de SC (120 anos)
Meu eterno dia de anos,
Minha festa de veludo...
Paris: derradeiro escudo,
Silêncio dos meus enganos
Minha festa de veludo...
Paris: derradeiro escudo,
Silêncio dos meus enganos
terça-feira, 18 de maio de 2010
título para uma composição com asas
dá-me um título. um que engula
as palavras só pensadas
que deixe vazio todo o espaço do poema
aquelas que minhas mãos desastradas
disformes, pesadas
amassaram só de letras
(sem ideias nem pena, sem tema)
e deixa que triture o gesto
com que as aves encantava
que agora já nem presta tudo o resto
de lembrar o teu olhar quando olhava
esses pássaros que moldei de gritos
fugidos de ninhos que o vento borratou
quebrados d' asas. como eu aflitos
dum perdido sonho que não sou
voou!
as palavras só pensadas
que deixe vazio todo o espaço do poema
aquelas que minhas mãos desastradas
disformes, pesadas
amassaram só de letras
(sem ideias nem pena, sem tema)
e deixa que triture o gesto
com que as aves encantava
que agora já nem presta tudo o resto
de lembrar o teu olhar quando olhava
esses pássaros que moldei de gritos
fugidos de ninhos que o vento borratou
quebrados d' asas. como eu aflitos
dum perdido sonho que não sou
voou!
doença por doença...
hoje ainda oiço o ranger do algodão
com que se bifurcam os lençóis
onde puias os gestos de afago
em sonolento acabrunho de candura.
e diz-me o médico
que são zumbidos da velhice
- chatice... se não soubesse mentira:
também o coração tiquetaca
e esses lábios humedecem as ranhuras destes
-vá o doutor dizer que são visões
(calores, febrões).
e quando ainda me apertas?...
anos tantos que estás longe;
doença por doença,
será medo.
com que se bifurcam os lençóis
onde puias os gestos de afago
em sonolento acabrunho de candura.
e diz-me o médico
que são zumbidos da velhice
- chatice... se não soubesse mentira:
também o coração tiquetaca
e esses lábios humedecem as ranhuras destes
-vá o doutor dizer que são visões
(calores, febrões).
e quando ainda me apertas?...
anos tantos que estás longe;
doença por doença,
será medo.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Governo
“…, os homens de bem não querem governar, nem por causa das riquezas, nem das honrarias. Eles não querem ser chamados de mercenários ao exigirem abertamente o salário da sua função, nem de ladrões, tirando do cargo ocultos proventos. Nem tão pouco querem governar por causa das honrarias, já que não as estimam. Assim, deve ser imposta alguma obrigação e castigo que os constranja a governar. Essa é a razão pela qual procurar por si mesmo o governo, não aguardando a necessidade de tal passo é considerado vergonhoso. Ora, o maior dos castigos é ser governado por alguém pior do que nós, se nos recusarmos a governar por nós mesmos.”
Platão
A República
segunda-feira, 10 de maio de 2010
terça-feira, 4 de maio de 2010
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