sábado, 20 de março de 2010

Nos dias mais escuros

é um dia cinzento
como uma terça-feira em Santiago
encastelado de nuvens
como farófias queimadas em fogão antigo
e eu
resto-me em certeza de desânimo
antes que a noite nasça na cidade.
de repente
nada de mim, são dois
vultos e sombras cruzam-se
no apeadeiro esquecido duma estação deserta
e o frio
inesperadamente a galopar em gume
ressuscita-me uma memória do futuro:
estacionado num palco inclinado
divido a vida em marcas d’outro tempo
e vagueio entre granitos deformados.
encontro um ser passado
belo como uma recordação
(que me segunda um sonho por sonhar)
e parte, deixando-me o desejo.

25.11.09

2 comentários:

Anónimo disse...

**Este poema tem a beleza de um Sr. Nogueira, vai pelos mesmos trilhos da alma q ele mas sem esquecer o pulsar de um coração q se ramifica e intensifica em desejo - o q o torna ainda mais belo e uma novidade além Pessoa.
Lindo mesmo**
Cátia Ferreira

p. coimbra disse...

Ali naquela encruzilhada
Está escondido o que é certo
Por isso eu sei que está perto
Por isso estou mais afastada.
S