quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

escrever....

escrever um poema
é ir à pesca de uma espera
entre a corrente da vida
e o sol, e o solo
onde crestamos os dias futuros.
apanha-se na rede o vindoiro,
o sopro do vento norte,
a brisa sudoeste;
e as mulheres perdidas
(entre a juventude e logo após)
chegam-nos à lembrança
como o frio de novembro, que encosta corpos.

é olhar o sul e o som,
a pauta e a bússola
a mão e o gesto.
(sem protesto)
aceita-se a irreversibilidade,
a dimensão do mundo,
oco das formas certas.

é gritar que teus lábios não são carne (desejos?)
mas nuvens, espuma de mar, solfejos
olhos perdidos noutros
e noutros, e noutros
beijos.

3 comentários:

AugustoMaio disse...

13.02.2010. Depois de ler "Arte Poética" (... Escrever um poema / é como apanhar um preixe / com as mãos...), Adília Lopes, Um jogo bastante perigoso, 1985 e Dobra, Poesia reunida.

Anónimo disse...

Escrever, mas no masculino

AugustoMaio disse...

Será diferente, talvez (no con/texto).

Aproveito para esclarecer que o peixe de Adília Lopes não leva "r"... todos os lapsos são meus.