quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

madrugada

antes d'a noite morrer
(no corredor de ziguezagues que se despedem
em louvor de escuro e dormência)
há uma luz que só se apaga aos teus olhos.

ao fundo da rua
(confundida nas acácias sem flor)
despejas a trança na camisa alva
e socorres do tédio
os lábios das manhãs.

vejo-te como um grito
- sereno de silêncio -
deixando mar na cidade por abrir

e sal que sulfure
as almas melancólicas
dos teimados.

lanças-me beijos de espuma
em papel de folhas de plátano, e voas
pedaço de nuvem
que guardei depois do olhar,
antes da memória.

1 comentário:

realmente disse...

há uma luz que só se apaga aos teus olhos. lembro-me do cinema, quando olhava-mos fixamente as luzes da plateia e só uma permanecia acesa e só para quem persistiu. belo. só conseguimos realmente ver o que insistimos.