domingo, 5 de julho de 2009

Viúvo na lembrança da poesia

A casa onde perco os meus dias
(cheios de letras, parcos d'alegrias)
tem o granito escuro da memória
e à porte, em cima, o V da vitória.

Castigo aos franceses, desleais
que a destruíram em oitocentos.
À varanda meus melhores momentos
no escuro dos lustres siderais.

À noite poeto. Na vista o céu
e à esquerda o leve casario.
Guardo o teu retrato junto ao meu
antes do leve sopro derrubar o pavio.

E quando me escondo na cama fria
depois d'agradecer as horas do meu dia
percorre-me a alma um arrepio lento
de te saber, cedo demais, no firmamento.

2 comentários:

Passiflora Maré disse...

Bem...Caro Augusto, está a publicar o livro mesmo aqui. Belos, muito belos os poemas, incluindo aquele do telefone mudo e triste que leio desde o dia da publicação, todos os dias.
Parabéns, difícil é escolher não apreciar.
Peço desculpa pela ausência, mas a porta que tem na fronte a balança, a Venda e a Espada é mais poderosa do que eu, apenas, sua fiel servidora.
ah! esquecia, belas as rosas, todas, mas as brancas...

AugustoMaio disse...

Vai-se escrevendo. E também aqui é um bom local de publicação, desde logo, atenta a qualidade dos leitores.

É verdade, o tempo anda curto para tantas portas e tem que se dar prioridade a alguns deveres...