quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ena, tantos, tantos e tantos...

"Isto é: qualquer português hoje vivo, em particular o leitor, é descendente não apenas do fundador da nacionalidade como de qualquer outro português do século XII cuja linha de descendência não se tenha entretanto extinguido. portanto, além da nossa descendência real, somos também descendentes de todos os miseráveis servos da gleba, de todos os criminosos vilões e bobos da aldeia que tenham deixado descendência. do ponto de vista matemático somos todos iguais, e todos os que viveram antes de nós são iguais entre si. O mesmo argumento mostra que qualquer europeu vivo é descendente directo de Carlos Magno, Clóvis ou Maomé. Como, na verdade, também de qualquer outro europeu vivo à data deles, desde que a sua linha de descendência não se tenha entretanto extinguido. Dentro de mil e quinhentos anos, das duas, uma: ou a sua linha de descendência se extinguiu ou todos os seres humanos nessa altura vivos serão seus descendentes.
A explicação destes factos encontra-se em resultados matemáticos, alguns dos mais recentes, relativos à matemática das genealogias. No entanto, a razão matemática de fundo é muito simples, sendo perfeitamente compreensível a um aluno do secundário: trata-se do crescimento exponencial do número de ascendentes. Todos nós temos pai e mãe, portanto temos quatro avós, oito bisavós, dezasseis trisavós, e assim por diante"

Jorge Buesco, "Somos todos nobres (e servos)", O Fim do Mundo Está Próximo?, Gradiva, 2007

1 comentário:

Passiflora Maré disse...

Ora, seja bem aparecido Sr. Júlio Letras. E parabéns pelos temas, que também me são caros.