quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Um tal (II)

Uns anos antes, ainda a idade lhe transmitia ao corpo o vigor da mente, perdera-se no Ultramar com a venda de refrigerantes gasosos. Espuma, a sua import-export, dera brado no comércio do pirolito. Durante a visita do almirante, emprestou o espada conversível, para gáudio dos poderes da Metrópole. Hoje, volvidos tantos anos, dá-se a si por certo que foi o começo da desgraça: o veículo faiscava em ambas as portas o anúncio do refresco e, numa transformação fantástica, emitia sonoridades que imitavam o pisar de um rabo-de-gato. Dias depois, recebeu uma missiva timbrada que o responsabilizava pelo desabono dos comentários que as instâncias internacionais, disfarçando ingrato gozo, teciam ao colonialismo lusitano. Foi-lhe acrescentado que os apoios oficiais morriam ali mesmo, como os vapores do gás.

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