terça-feira, 14 de outubro de 2008

"Então, vá, fica bem!"

Um dos hábitos que me vem intrigando desde sempre nos filmes americanos é aquele de, numa conversa telefónica, um dos interlocutores desligar o telefone na cara do outro sem se despedir. É que nem um "adeus", um "até breve", ou um "até amanhã" sequer. Isto para já não falar das expressões de afecto mais íntimas que costumam ser empregues em certas situações - seja com o(a) namorado(a), seja com os pais ou com amigos. No mínimo, tal comportamento revela falta de educação.
No entanto, ao pensar nesta questão, no intuito de a trazer à conversa, resolvi fazer uma pesquisa pelo google subordinada à seguinte expressão - hanging up the phone without goodbye.
Dado o primeiro resultado que encontrei, noto com curiosidade que não sou o único que se interroga sobre tal "despautério". O debate, aqui.

6 comentários:

AugustoMaio disse...

Ainda se fosse à PT que diariamente telefona sem identificação e quer saber se temos ligação à Net, se estamos satisfeitos e mais não sei quantas!

Anónimo disse...

A esses nem um "boa-noite"!

C.M.Lx disse...

Eu confesso que tal atitude também me intriga.
Ultimamente tenho ouvido algo como "até..."
Não é um adeus, não tem o compromisso do "até amanhã",nem a intimidade dos tão repetitivos e banalizados "bjs"...
E não é falta de educação nem de demonstração de desinteresse. Muito bom.

Unknown disse...

"Até" parece-me uma desculpa quase subtil para não entrar em intimidades. Diz-se, mas não se chega a dizer. Como agora anda na moda, o país é o que é, o governo é o que é, as pessoas são o que são. Se calhar, o cumprimento agora é o que é. Modernidades. Até... digo, muito boa noite e, vá lá, fiquem mesmo bem.

C.M.Lx disse...

Não costumo "entrar" em "fóruns" de blogs com comentadores, no entanto, tenho que concordar consigo, o "até" é, realmente(e não subtilmente) uma forma de não entrar em intimidades.
Concordo especialmente consigo quando diz que "as pessoas são o que são"... mas afianço-lhe que não é, de todo, uma questão de "modernidades"...

AugustoMaio disse...

Modernidade, talvez. Ou não; mas não pode deixar de se concordar que tudo vem sendo o que é. E assim sendo, não é coisa nenhuma.
Lembra o relógio de Kant (contado em "Platão e um Ornitorringo"...):
"diz-se que os habitantes de Konigsberg acertavam os relógios consoante a posição de Kant no passeio diário até ao fim da rua e regresso pelo mesmo sítio. Menos conhecido é o facto do sacristão da Catedral também acertar as horas na torre da igreja observando quando Kant fazia o seu passeio diário e, por sua vez, Kant regular o seu passeio pelas horas da torre da igreja. tanto Kant como o sacristão pensam que estão a obter informação ao observarem o comportamento do outro. (...) cada um deles estava simplesmente a chegar a uma conclusão analítica, verdadeira por definição. A conclusão de Kant "eu dou o meu passeio às 15H30" reduz-se à afirmação analítica. A conclusão de Kant reduz-se à afirmação "eu dou o meu passeio quando dou o meu passeio" - porque Kant determinava as horas por um relógio calibrado pelo seu passeio. a conclusão do sacristão, "o meu relógio está certo" reduz-se a "o meu relógio marca o que o meu relógio marca"..."