domingo, 8 de junho de 2008

Big Apple 2

É a cabeça que te desenha os factos, mas sabes que podem não ser isso. Julgas racionalizar os indícios, com a pretensa qualificação de um cirurgião de pormenores. Renovas o que ela disse, letra a letra, minutos antes de partires para Paris. Como ela desconhece que não chegaste a ir, cuidas ter pontos em favor do que concluis. Repetes o que ele te disse e asseguras-te que não podia estar a ser irónico.
O vagabundo está a fazer-te um sinal, repara. Talvez tenha uma história que console a tua. Talvez um desenlace para o teu novelo. À partida, ele ignora os recatos – perdoa a expressão… - que te diluviam o lar. Tratar-te em abstracto vai dissipar-te a vergonha.
Volta a chamar-te.
Deixa de contar os passos, como uma barata tonta! Ele pode ser um psicólogo caído em desgraça, mas com os saberes intactos.
Agora trocas os olhos com os dele. Boa ideia.
A entrada do 315 continua hermeticamente fechada. Avanças. O homem refaz o assento de cartolina e sorve uma branca num frasco antigo. Espera-te. Vais à consulta.

5 comentários:

Passiflora Maré disse...

O homem do Tag aproxima-se velozmente do asfalto frio.
Psicólogo, coberto a plásticos e sabedoria intacta. Está a ter visões!!

Anónimo disse...

Vais à consulta vais...

Passiflora Maré disse...

Senhor, estamos à espera do efeito da branca sobre o Tagman.
Apesar de a branca não ser inusual nos Tagman!!!!

Anónimo disse...

Bem escrito, este texto também "à Lobo Antunes"
Pena a incerteza do destino ou,sequer, a de destino algum.

AugustoMaio disse...

A ver vamos. O efeito demora o seu tempo.

Quanto a Lobo Antunes já há um... outro!