quinta-feira, 15 de maio de 2008

O Rei dos Alnos

Com todo o respeito por postagem pretérita (16.04.2008), aí na tradução de Eugénio de Castro, acrescento a de Herculano de Carvalho do grande - enorme - poema de Johann Wolfgang Goethe.
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Quem vai cavalgando em noite tão fria?
O pai com seu filho ao vento fugia.
Nos braços o tem, seu vulto acalenta,
Com força o aperta e vai na tormenta.
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Meu filho, que faz teu rosto esconder?
O Rei dos Alnos, pai, não vês aparecer?
Dos Alnos, o Rei, com cauda e coroa? -
Meu filho, eu só vejo a névoa que voa.
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"Menino adorado, anda, vem comigo!
Brinquedos tão lindos brincarei contigo;
Tanta flor bonita há na beira-mar,
Teus vestidos pode minha mãe dourar".
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Meu pai, ó meu pai, não ouves com medo
O que o rei dos Alnos promete em segredo? -
Meu filho, sossega e fica tranquilo;
Tu sentes nas folhas, do vento, o sibilo.
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"Queres tu, meu rapaz, comigo ir embora?
As filhas que eu tenho esperam-te agora;
É delas na noite a ronda que parte,
E dançam e cantam e vão embalar-te".
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Meu pai, ó meu pai, não vês tu além
As filhas do Rei dos Alnos, também? -
Meu filho, ó meu filho, eu vejo, há momentos,
Que os velhos salgueiros parecem cinzentos.
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"Teu rosto me agrada e sou teu amigo,
Se a bem não queres vir, sou eu que te obrigo".
Meu pai, ó meu pai, não deixes levar-me!
Dos Alnos, o Rei, já fez magoar-me!
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O pai assustou-se, partiu velozmente,
Nos braços levava o filho gemente;
Cansado, chegou em angústia absorto;
Mas já, nos seu braços, o filho era morto.

3 comentários:

Anónimo disse...

Lindo de lindo. Parbéns à escolha.

Anónimo disse...

CELESTIAL!

Anónimo disse...

Erlkönig- Schubert