quarta-feira, 7 de maio de 2008

O Mestre e o Admirável

Pergunto-te, Mestre, se sem memória não vivemos; se o tempo em que dormimos e não recordamos os sonhos conta como vida ou é apenas instrumental.

Não conta. Se tanto, é instrumental: só se vive o que se pensa e só se pensa o que se recorda.

Então, viveremos mais ou menos, consoante os anos de pensamentos e memórias, não consoante o que chamamos vida.

É certo.

Então, se pensarmos mais depressa, vivemos mais tempo.

Não digo mais tempo, viveremos mais. O tempo atrapalha a questão. Se pensarmos ao dobro da velocidade, viveremos o dobro.

Mas o Admirável diz o contrário: se conseguirmos pensar mais devagar, o tempo torna-se pastoso, em vez de corrido.

Pastoso ou corrido não é velocidade, é profundidade. A resposta não está no tempo mas no viver. Se pensares depressa, verás que o Admirável vive menos, porque se perde no tempo.

O Mestre e o Admirável, O Sétimo Livro

4 comentários:

Anónimo disse...

SOBERBO

Anónimo disse...

A vida é tempo ou só lembrança?
Era interessante sabermos o que se lembrará "depois da vida". Que dirá o Mestre? Ou o Admirável?

Podemos pensar fora do corpo? Ou, como sempre pensamos dentro do corpo, apenas não podemos responder à pergunta (... S. Tomás de Aquino, acho eu)

Anónimo disse...

Mestre: às vezes sinto-me cansado e teimo ao vagar. Devo pensar mais depressa ou deixar-me ir na sonolência?

Anónimo disse...

Andam por aí a falar do tempo e da eternidade, do Universo e dos dados nas mãos de Deus! devias dar uma ajuda, ó Mestre.