ninguém te sonha o oiro do cabelo
na tela da manhã à beira-rio
impúbere ninfazinha o tornozelo
mostrando por extremo desfastio.
doente um só poeta te veria
excelsa proibida a seu desejo
descalça caminhando em fantasia
por nuvens a encobrir o próprio pejo.
os sinos de Florença dobrariam
e quatro carpideiras ergueriam
ao toque dos varais o seu lamento.
ideia te tornavas afinal
deitada numa taça de cristal
espírito abraçado pelo vento.
TIAGO VEIGA
Laura,
Seis epitáfios de John A. Symonds, sumariando seis encontros florentinos
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1 comentário:
Tiago Veiga nasceu com o século e faleceu em 1988, serenamente, depois de prolongada doença, nos arredores de Paredes de Coura.
Mário Cláudio é o responsável pela publicação dos "Sonetos italianos de Tiago Veiga" (Colecção Terra Imóvel, Asa Editores, n.º 9) e, na apresentação, diz o seguinte:
"Aparecido, com o século, na mesma povoação onde viria a extinguir-se, de um minhoto da área de Castro laboreiro e de uma irlandesa de Dublin, frequentaria o Royal Naval College, em Greenwich, permaneceria algum tempo em Portugal, abalaria para a Guiné, em mil novecentos e trinta e um, integrando uma brigada de luta contra a doença do sono. A partir de finais de trinta e quatro, fixa-se em Kilrush, na República da Irlanda, dedicando-se, desde então e exclusivamente, à obra que nos deixou, graças ao apoio de alguns amigos, que haviam formado o círculo de W. B. Yeats, poeta este de cujo punho restam, no espólio de Veiga, mais de centena e meia de cartas."
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