Na salpicada
vidraça
procuro a tua graça.
Mas a tarde molhada
não deixa ver
os contornos teus.
Assim a ser,
adeus.
vidraça
procuro a tua graça.
Mas a tarde molhada
não deixa ver
os contornos teus.
Assim a ser,
adeus.
pena, pena é não se arrancarem todas. suavemente.
8 comentários:
Uma bela «projecção» na linguagem dos "psis":o indíviduo vê fora em objectos exteriores, aquilo que é o conteúdo da sua própria "psique" e que negou ou reprimiu.Janela/câmara molhada não deixam ver
o objecto embaciado, mas no fundo, uma alma embotada que não consegue ver sem "ter"...
Suponho que também é de sua autoria...
"Eu sou a luva
e a mão
.... "
(Adília Lopes)
"Eu sou a luva
e a mão
.... "
Se branca,(a luva)!
"Era uma vez
uma menina
chamada
Gotinha de Água.
A menina
Gotinha de Água
vivia
no mar sem fim.
E era linda,
tão linda,
vestida de esmeralda
e luar."
Papiniano Carlos
A MENINA GOTINHA DE ÁGUA
Ilustrações de Joana Quental
Ed. Campo das Letras / Porto, 1999
"A lenda das três gotas de água
Alba, a boa fada protectora das noivas, mora na pupila azul das virgens sem pecado. Passando uma manhã junto a uma camélia, ouviu o seu nome pronunciado por três gotas tremulas. Aproximou-se e, pousando no coração da flor, perguntou carinhosa:
- Que quereis de mim, gotas brilhantes!
- Queremos que decidas uma questão.- disse a primeira gota.
- Propõe-na.- disse a fada.
- Somos três gotas diferentes, oriundas de diversos pontos.
Queremos que nos diga qual de nós vale mais, qual é a mais pura.
- Aceito. Fala tu, gota brilhante.
E a primeira gota tremula falou:
- Eu venho das nuvens altas, sou filha dos grandes mares. Nasci no largo oceano, antiga e forte. Depois de visitar praias e praias, depois de andar de volta de mil procelas, uma nuvem sorveu-me. Fui às alturas onde brilha a estrela, e rolando de lá, por entre raios, caí na flor em que descanso agora. Eu represento o oceano.
- Agora é a tua vez, gota brilhante.- disse a fada à segunda.
- Eu sou o rocio que alimenta os lírios. Sou irmã dos luares opalinos, filha das névoas que se desenrolaram quando a noite escurece a natureza.
Eu represento a madrugada.
- E tu?- perguntou Alba à mais pequena.
- Eu não valho nada!
- Fala, de onde vens?
- Dos olhos de uma noiva. Fui sorriso, fui crenças, fui esperança, mais tarde fui amor. Hoje sou lágrima.
As outras riram da pequena gota, e Alba, abrindo as asas, tomou-a consigo e disse:
- Esta é a de mais valor, esta é a mais pura.
- Mas eu fui oceano...
- E eu fui atmosfera...
- Sim, tremulas gotas, mas esta foi coração...
E desapareceu no azul do céu, levando a gota humilde."
Tanta gente com luva e mão já faz confusão, não ?
O anónimo dos "psis".
Com algum atraso, mas para o ilustre anónimo dos "psis" que tomo (atento o histórico) como pertinente observador:
É mão que embala a luva, ou a luva que embala a mão? Ou então, se mal pergunto, a circunstãncia ou o acto? Quando muitas são, são luvas ou mãos?
Mesmo que a luva a disfarce, será mão. E aí, todas não serão em demasia.
Considerações.
Repare que a observação foi dirigida a alguém e por alguém precipitada - o anónimo da luva apenas branca- e terá de convir que há situações em que as mãos podem ser mãos a mais ( é a guerra e a paz, o gesto e a agressão, o carinho e o crime, o pão e a humilhação); mas nada mais, também gosto de mãos e muito de luvas ...
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