sexta-feira, 18 de abril de 2008

Capitão Quixote

Capitão de guerras inteiras por vencer
Picador de esporas em brumas de mar
Deixa-me agora erguer, cantar e gritar
Que há glória ainda no intenso perder

Moinhos gigantes, fantasmas medonhos
Virgens e donzelas sempre a conquistar;
Confundias a vista no olhar dos sonhos,
E as vitórias perdidas no acto de sonhar

Caminhos longos das feras espadas
Suores e anseios, tudo em desalinho
E além do acto, das esperas amadas
Só nos alegrava continuar caminho.

5 comentários:

Anónimo disse...

A OPINIÃO EM PALÁCIO

O Rei fartou-se de reinar sozinho e decidiu partilhar o poder com a Opinião Pública.

― Chamem a Opinião Pública ― ordenou aos serviçais.

Eles percorreram as praças da cidade e não a encontraram. Havia muito que a Opinião Pública deixara de freqüentar lugares públicos. Recolhera-se ao Beco sem Saída, onde, furtivamente, abria só um olho, isso mesmo lá de vez em quando.

Descoberta, afinal, depois de muitas buscas, ela consentiu em comparecer ao Palácio Real, onde Sua Majestade, acariciando-lhe docemente o queixo, lhe disse:

― Preciso de ti.

A Opinião, muda como entrara, muda se conservou. Perdera o uso da palavra ou preferia não exercitá-lo. O Rei insistia, oferecendo-lhe sequilhos e perguntando o que ela pensava disso e daquilo, se acreditava em discos voadores, horóscopos, correção monetária, essas coisas. E outras. A Opinião Pública abanava a cabeça: não tinha opinião.

― Vou te obrigar a ter opinião ― disse o Rei, zangado. ― Meus especialistas te dirão o que deves pensar e manifestar. Não posso mais reinar sem o teu concurso. Instruída devidamente sobre todas as matérias, e tendo assimilado o que é preciso achar sobre cada uma em particular e sobre a problemática geral, tu me serás indispensável.

E virando-se para os serviçais:
― Levem esta senhora para o Curso Intensivo de Conceitos Oficiais. E que ela só volte aqui depois de decorar bem as apostilas.

Contos Plausíveis
Carlos Drummond de Andrade

Anónimo disse...

"Mantenha-se afastado das pessoas que tentam depreciar sua ambição. Pessoas pequenas sempre fazem isso, mas as realmente grandes fazem você sentir que você, também, pode se tornar grande."
( Mark Twain )

Anónimo disse...

Acordo envolto nos moinhos dos lençois,
enrolado em acordes de Dulcineia. Vem aí Quixote?
Oh Capitão,
dá-me a tua mão
de sonho,
empresta-me essa espada de cartão
que me encanta a fantasia.
Mais logo, quando nascer o dia
vou dar ao Sancho um púcaro de ouro
trocar com o dele este tesouro
e receber a gargalhada aberta
que me deixa acreditar que a morte, certa
é também vida inteira de brincar.
Um beijo à Dulci, vou-me deitar.

Anónimo disse...

"Que me venha meu Dom Quixote
para comigo lutar
contra os gigantes,
quer sejam moinhos de vento
ou gigantes alados


Salve-me da pachorra,
esse dragão que toma conta de minh'alma,
levando-me a calma


São cruéis,
eu bem o sei,
teimam em machucar esse coração
que vive na solidão


Que me venha meu Dom Quixote,
montado em seu cavalo branco.
Traga seu fiel escudeiro Sancho Pança
para proteger sua Dulcinéia
dos dragões da maledicência


Que me venha Dom Quixote
cheio de sonhos e ilusões
cavalheiro de bom coração


Partirei contigo,
lutaremos juntos,
venceremos dragões e gigantes.
Mergulharemos em poesia
Livrar-me desse flagelo
será sua honraria


Que me venha meu Dom Quixote...
Salve sua Dulcinéia!"

Tu, Dom Quixote...Eu, Dulcinéia
Vanderli Medeiros

Vanderli Medeiros disse...

adorei ver meu poema aqui tão bem cuidado e com os devidos creditos. obrigada pela divulgação.
abraços carinhosos a todos.
Vanderli Medeiros