Esquecendo tantos outros merecimentos, tantas fantásticas escritas, fica aqui, ainda em louvor da data, um começo maravilhoso. Afinal, o titulo salvaguarda-me: o dia é mesmo de (dos) prodígios.
"Um personagem levantou-se e disse. Isto é uma história. E eu disse. Sim. É uma história. Por isso podem ficar tranquilos nos seus postos. A todos atribuirei os eventos previstos, sem que nada sobrevenha de definitivamente grave. Outro ainda disse. E falamos todos ao mesmo tempo. E eu disse. Seria bom para que ficasse bem claro o desentendimento. Mas será mais eloquente. Para os que crêem nas palavras. Que se entenda o que cada um diz. Entrem devagar. Enquanto um pensa, fala e se move, aguardam os outros a sua vez. O breve tempo de uma demonstração.
Carminha parecia fazer adeus, mas apenas lavava janelas."
Lídia Jorge, O Dia dos Prodígios.
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