Que andava desassossegado com a escrita, foi a queixa do Guedes, há dias, quando afazeres me deslocaram a Lisboa. Não era só a falta de vontade, era o patrão – todos temos um Vasques, segredou-me – que pretendia contratar um tal Soares para lhe aprimorar as contabilidades. Não encontrava motivos para esta desconsideração, justamente ele que sempre se demonstrou suficientemente inquietado; a mais, receava que o novo ajudante desse andamento ao livro de insossegos que já lhe roubara noites imensas de insónia, ali no quartinho da baixa, mobilado no preceito de confortar o tédio. Ouvi-o, mas pouco havia a acrescentar: desalento já ele o tinha. Disse-lhe só que se pudesse daria uma palavra ao Sr. Nogueira. Compreendam que o Vicente sempre foi meu amigo.
domingo, 17 de fevereiro de 2008
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1 comentário:
E pelos amigos faz-se quase tudo.
Mesmo amparar o desalento e a mágoa,
sugando-a um pouco para nós...
Diz ao Guedes que não se preocupe -e que se dedique a outras escritas!
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