domingo, 24 de fevereiro de 2008

Distância

Sentia no corpo e no olhar dela a distância de quem era capaz de esquecer. E eu, receando o que era então inevitável, transformava-me frequentemente num molusco, vivendo na esperança que os meus tentáculos e as minhas ventosas fossem o suficiente para a manter junto de mim. Nunca o foram… Por isso sentia, de uma forma dolorosa, que ela me fugia viscosamente por entre os tentáculos, evitando todas as minhas tentativas de aproximação, deixando uma sensação de paralisia nas guelras e nas cordas vocais.

4 comentários:

Anónimo disse...

Em cada traço de letra, salvo melhor saber (!), o caro postador dissolve a DISTÂNCIA, aperfeiçoando a ferida. Da escrita, claro. E como esta só pode ler-se com aquela, "estamos na estrada", usando a expressão de António Machado num aproveitamento rápido do autor que não deixa o país aos velhos. Muito bem.

Anónimo disse...

O espelho não reflectia a tristeza do olhar nem o vazio do espaço... apenas a imensidão da sua ausência.

Um ligeiro toque, um arrepio...teria regressado e, levemente, descansado seus dedos no pescoço oferecido ?

Na imagem aparecia, tocada pela brisa do entardecer, uma pena, que suave,lhe escorria pelo corpo...

Anónimo disse...

"Deixe o cavalo solto... se voltar ele é seu, se não voltar, nunca foi seu."
(Autor desconhecido)

Anónimo disse...

a distância vai ao espaço de nada.
anda. mas está parada.
evita os tentos de aproximação.
como um tentáculo
que lhe aperta o c.