Abandonar todos os deveres, ainda os que não nos exigem, repudiar todos os lares, ainda os que não foram nossos, viver do impreciso e do vestígio, entre grandes púrpuras de loucura, e rendas falsas de majestades sonhadas... Ser qualquer coisa que não sinta o pesar da chuva externa, nem a mágoa da vacuidade íntima... errar sem alma nem pensamento, sensação em si mesma, por estrada contornando montanhas, por vales sumidos entre encostas íngremes, longínquo, imerso e fatal... Perder-se entre paisagens como quadros. Não-ser a longe e cores...
Bernardo Soares
Sem comentários:
Enviar um comentário