quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008


2 comentários:

César Paulo Salema disse...

A porta é ali, cor de mar.
azul escarlate,
retrato de ti.
Nunca entrei por ela.
Preferi sempre sair.
Até me convidares de novo a entrar.

Anónimo disse...

CASA

A luz de carbureto
que ferve no gasómetro do pátio
e envolve este soneto
num cheiro de laranjas com sulfato
(as asas pantanosas dos insectos
reflectidas nos olhos, no olfacto,
a febre a consumir o meu retrato,
a ameaçar os tectos
da casa que também adoecia
ao contágio da lama
e enfim morria
nos alicerces como numa cama)
a pedregosa luz da poesia
que reconstrói a casa, chama a chama.

Carlos de Oliveira, Trabalho Poético