A luz de carbureto que ferve no gasómetro do pátio e envolve este soneto num cheiro de laranjas com sulfato (as asas pantanosas dos insectos reflectidas nos olhos, no olfacto, a febre a consumir o meu retrato, a ameaçar os tectos da casa que também adoecia ao contágio da lama e enfim morria nos alicerces como numa cama) a pedregosa luz da poesia que reconstrói a casa, chama a chama.
2 comentários:
A porta é ali, cor de mar.
azul escarlate,
retrato de ti.
Nunca entrei por ela.
Preferi sempre sair.
Até me convidares de novo a entrar.
CASA
A luz de carbureto
que ferve no gasómetro do pátio
e envolve este soneto
num cheiro de laranjas com sulfato
(as asas pantanosas dos insectos
reflectidas nos olhos, no olfacto,
a febre a consumir o meu retrato,
a ameaçar os tectos
da casa que também adoecia
ao contágio da lama
e enfim morria
nos alicerces como numa cama)
a pedregosa luz da poesia
que reconstrói a casa, chama a chama.
Carlos de Oliveira, Trabalho Poético
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