sábado, 5 de janeiro de 2008

Tempo

Era a primeira vez em anos que se viam…
O tempo, como qualquer outro curso de água, deixa as suas marcas de uma forma tão lenta que se torna quase imperceptível.
- Estás mais gordo. – Disse Eva com um sorriso malicioso.
- E tu continuas bonita, como sempre… - Disse o Paulo, com uma incapacidade de fixar o olhar e uma estranha entoação na voz. As palavras não eram falsas, mas demonstravam uma estranha falta de convicção, como se os sentimentos não acompanhassem as memórias e os processos cognitivos. Era tão estranho ter a consciência que os dois já tinham partilhado o tempo e o espaço e que agora ela era pouco mais que uma estranha, que lhe causava incómodo por estar tão próxima.

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