sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

(belos)

Na tradução de Jorge de Sena
(Ed. ASA, Poesia do século XX)
Segue mais que um poema:
O primeiro repete o espanto
De umas postagens ao fundo;
E belo também o segundo:
Silente canto de encanto.


WILLIAM B. YEATS

“When you are old…”

Quando grisalha e velha e mais de sono cheia
Cabeceares à lareira, pega nestes versos
E lê-os devagar, e lembra os universos
Do teu olhar de outrora, tão profunda teia;

E quantos tanto amaram teu alegre encanto,
Como tua beleza em falso ou vero amor,
E um só foi quem amou de tua alma o ardor
E do teu rosto a mágoa do mutável pranto.

Curvada então ao lado das ardentes brasas
Murmura um pouco triste que o Amor se afastou.
Nos sobranceiros montes vagueante andou,
E seu rosto escondeu na multidão dos astros.


RAINER MARIA RILKE

“O Sage, Dichter…”

Que fazes tu poeta? Diz! – Eu canto.
Mas o mortal e monstruoso espanto
Como o suportas, como aceitas? – Canto.
E que nome não tem, tu podes tanto
Que o possas nomear, poeta? – Canto.
De onde te vem direito ao vero, enquanto
Usas de máscaras, roupagens? – Canto.
E o que é violento e o que é silente encanto,
Astros e temporais, como te sabem? – Canto.

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