sábado, 29 de dezembro de 2007

Língua Portuguesa

A minha pátria é a língua portuguesa, e só;
Outros cantares, falares diversos, tenham dó!
Sei que me davam um lugar no estrangeiro,
Conferências e palestras no mundo inteiro.
Podia vir a conhecer belas italianas,
Dormir com elas todas as semanas;
Apaixonar-me por boas espanholas,
Ensaiar nelas o toque das castanholas.
Suecas, eslovacas, gregas, finlandesas,
Requintes lautos de camas e mesas;
Andar por o aí contente e radiante,
Ser um português muito importante.
Mas não, insisto que não quero
Por muito que louvem o esmero
Que tenho deixado aqui e além,
Sempre fixado na língua mãe.
Se me derem sabática pró poema
Fico contente: assim já vale a pena;
O mais é que não: deixem-me estar
A dormitar, a pensar, a dormitar…
Aguardando a ideia num barco à vela
E seguir firme, bem amarrado nela
A dizer, esta língua é todo o mundo;
Outras, isso não, nem por um segundo.

(14.12.2007)

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