quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Blues fúnebres

(directamente de um poema de W. H. Auden)

Parem todos os relógios e cortem o telefone
Entreguem um osso ao cão para que não sone
Silenciem os pianos e, em suave caminhar
Tragam p’ra fora o caixão e venham chorar.

Que os aviões o sobrevoem num gemido
Desenhando no céu a mensagem Falecido.
O papo branco das rolas de crepes se traça
E os sinaleiros calçam luvas de desgraça.

Ele era o Sul, o Leste, o Oeste e o meu Norte
A semana de trabalho e o Domingo de sorte
O meu meio-dia e a meia-noite, meu falar e cantar
Cuidava que o amor durava, mas era a enganar.

Não mais quero estrelas: cada qual seja apagada
E que seja demolido o Sol e a Lua emalada
Esvaziem o oceano e o bosque por igual
Pois daqui em diante tudo virá por mal.

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