domingo, 31 de agosto de 2008

antes do fim

Aqui somos lado a lado com os ofícios que exercemos: frágeis utensílios enfados horários papéis envelhecidos um cabelo embutido no sabonete uma carta a escrever uma nota à margem. e falas. não supões quanto de atenção te reservo que veias perscruto quando em minhas mãos as tuas tenho que vidas adivinho em teu pulsar.
31 de agosto de 2008
Mário Cláudio, Agosto
as máscaras de sábado

sábado, 30 de agosto de 2008

enigma

30 de agost deitado por terra, qual é o mistério?
30 de agosto dede saudade, esconde-se suavemente o sol;
30 de agosto deamanhã, nesse compromisso de vida,
30 de agosto de voltará contente

Cardinal

se por acaso
enlaçarmos as mãos
os corpos
as almas
seremos realmente um só
ou seremos sempre dois

e eu
mesmo assim unido
pela incoerência de tudo que faço
e que deixo por fazer
serei um só
ou serei sempre mais que as minhas angustias

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Nos teus lábios, como braços

Faz um calor intenso e eu sufoco
Há uma luz imensa. Não suporto.
Riste-te até mim, como só sabes
E teus alvos braços abres
Como os abrem as aves.

Queres-te, queres-me. Inteira. Inteiro.
Quem ganhar chega primeiro
E festeja com foguetes e cerveja
Nos lábios do mundo. Que eu veja
Só de memórias nos olham à inveja.

E não aguento de tão grande a alegria
Quero-te antes, no longo da noite fria.
Quero sofrer para te gozar
E sinto arrepios d’embalar:
Quero frio, quero chuva, quero mar.

Amar-te é um fio de prumo desviado
O balançar do teu corpo esticado
Desligado?

Um arrepio, um assobio.
Um medo, um rochedo.
Uma asneira, uma fogueira.
Uma asma
Um fantasma.

Um tudo. Mudo. Surdo.
Ledo e quedo.
Um compasso ou um passo.
Um fulgor. É amor.

Calígula

Trinta anos depois de ter sido proibido no Reino Unido Calígula, filme realizado por Tinto Brass em parceria com Bob Guccione, vai ser posto à venda nas lojas britânicas numa edição especial em DVD. Trata-se de Imperial Edition of Caligula, uma versão sem cortes e que tem as cenas de sexo lésbico, incesto e zoofilia que foram filmadas na época à revelia do realizador, dos actores e do argumentista, por Bob Guccione, produtor do filme e conhecido editor da revista Penthouse.A venda do DVD foi aprovada pela Comissão Britânica de Classificação de Filmes (BBFC), que teve em conta o interesse histórico da longa-metragem. "Dado que Calígula é um filme de interesse histórico, entendemos que pode ser visto sem censura", afirmou Sue Clark, da BBFC, ao jornal Daily Telegraph.
Calígula foi rodado em 1979, tem argumento do escritor Gore Vidal e retrata a vida do imperador romano. Nos principais papéis estão os actores Malcolm McDowell (interpretava Calígula e ficou conhecido pela sua participação em Laranja Mecânica), Helen Mirren, Peter O'Toole e John Gielgud. O filme nunca chegou a estrear-se no Reino Unido e por isso a distribuidora do DVD, Arrow Films, ficou surpreendida quando recebeu a resposta de aprovação sem cortes da BBFC. Uma versão DVD também sem cortes foi distribuída em França, em 2003. Conta o Libération que Guccione não estava contente com a maneira como Brass filmou as orgias. Este dava primazia a anãs e obesas em vez de utilizar as raparigas contratadas pelo produtor. Faltava sexo. Por isso, em segredo, Guccione ia à noite para o plateau filmar cenas ousadas com a cumplicidade do operador de câmara. Na montagem do filme zangaram-se todos. Vidal e Brass pediram para os seus nomes serem retirados do genérico, mas o produtor recusou.Quando a versão sem cortes foi lançada em França, Malcolm McDowell disse que estava orgulhoso do seu trabalho, mas considerava "obscenas, explícitas e próprias de um filme porno" as cenas que Bob Guccione acrescentou. "Foi uma traição abusiva e sem precedentes. Mostrou que Bob não tem classe nenhuma."

Jornal Público

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Bairrismos

O Anjo da Guarda


VS.


O Anjo da Covilhã
Créditos de Photoshop aqui.

Jamaica, Agosto de 2008


28 de agosto de 2008 (fotos: Teresa Sousa)

Cabo Verde, 2006

28 de agosto de 2008 (foto: Teresa Sousa)

Adónde...


Adónde iremos despúes de la última frontera?
Dónde volarán los pájaros despúes del último
cielo? Dónde dormirán las plantas después del
último aire? Escribiremos nuestro nombre con
vapor teñido de cermesí, cortaremos la mano al
canto para que lo complete nuestra carne.

28AgostAquí moriremos. Aquí, en el último pasaje.
Aquí o ahí... nuestra sangre plantará sus olivos.

Mahmud Darwish, Menos rosas
(in Teresa Aranguren, Olivo roto: Encenas de la ocupación)

Poema


Zumbido
dos insectos na noite
brilho do poema
em discreta agitação

Mário Rui de Oliveira, Bairro Judaico

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

apetecia tanto regressar...


Spilt Milk


We that have done and thought,
That have thought and done,
Must ramble, and thin out
Like milk spilt on a stone.

W. B. Yeats

Three Movements

Shakespearean fish swam the sea, far away from land;
Romantic fish swam in nets coming to the hand;
What are all those fish that lie gasping on the strand?

W. B. Yeats

A soma

Diante da cal de uma parede que nada
nos impede de imaginar infinita
sentou-se um homem que premedita
traçar com rigorosa pincelada
na branca parede o mundo inteiro:
portas, balanças, sedimentos, jacintos,
anjos, bibliotecas, labirintos,
âncoras, Uxmal, o infinito, o zero.
Povoa de formas a parede. A sorte,
que em curiosos dons não é avara,
permite-lhe dar fim à sua porfia.
No preciso instante da morte
descobre que essa vasta algaravia
de linhas é a imagem da sua cara.

Jorge Luís Borges, Os Conjurados
(trad. M. Piedade Ferreira e Salvato T. de Meneses)

A tarde

As tardes que serão e têm sido
são uma só, inconcebivelmente.
São um claro cristal, só e dolente,
inacessível ao tempo e seu olvido.
São os espelhos dessa tarde eterna
que num céu se entesoura.
Naquele céu estão o peixe, a aurora,
a balança, a espada e a cisterna.
Um e todos os arquétipos. Assim Plotino
nos ensina nos seus livros, que são nove;
pode bem ser que a nossa vida breve
seja um reflexo fugaz do divino.
A tarde elementar ronda a casa.
A de ontem, a de hoje, a que não passa.

Jorge Luís Borges, Os Conjurados
(trad. Maria Piedade Ferreira e Salvato Teles de Meneses)

despedida

Não se vê liberdade nesse gesto
Que vem de fingir retardar a ida
(parece que canta glórias de vida)
Mas se bem olhado, é manifesto
Que é só um sinal da despedida.

Cais Do Negrito

Para a memória de um Agosto memorável e aumentando a nostalgia de um Setembro que se vive para recordar...

(Mas também já dizia o outro que "recordar é viver"... em Setembro!)

há uns que percebem...


e uns outros que inventam!

27 de agosto deAlgarve, Portugal, Europa, no seu melhor...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Carlos Paião | Pó de Arroz

Carlos Paião

Carlos Paião
Nasceu acidentalmente em Coimbra no dia 1 de Novembro de 1957, passando toda a sua infância e juventude entre Ílhavo (terra natal dos pais) e Lisboa. Licenciou-se em Medicina pela Universidade de Lisboa (1983), acabando por se dedicar exclusivamente à música. Desde muito cedo Carlos Paião demonstrou ser um compositor prolífico, sendo que no ano de 1978 tinha já escritas mais de duzentas canções. Nesse ano obteve o primeiro reconhecimento público ao vencer o Festival da Canção do Illiabum Clube, com o tema O Tempo é de Guerra, que nunca chegou a gravar.
Em 1981 decide enviar algumas delas ao Festival RTP da Canção, numa altura em que este certame representava uma plataforma para o sucesso e a fama no mundo da música portuguesa. Play-Back ganhou o Festival RTP da Canção de 1981 com a esmagadora pontuação de 203 pontos, deixando para trás concorrentes tão fortes como as Doce. A canção, uma crítica divertida, mas contundente, aos artistas que cantam em play-back, ficou em penúltimo lugar no Festival da Eurovisão de 1981, que se realizou nesse ano em Dublin, na República da Irlanda. Tal classificação não "beliscou" minimamente a popularidade do cantor e compositor, pois Carlos Paião, ainda nesse ano, editou outro single de sucesso e que mantém a sua popularidade até hoje: Pó de Arroz. O êxito que se seguiu foi a Marcha do Pião das Nicas, canção na qual o cantor voltava a deixar patente o seu lado satírico.
Algarismos (1982) foi o seu primeiro LP, que não obteve, no entanto, o reconhecimento desejado. Surgiu entretanto a oportunidade de participar no programa de televisão Foguete, com António Sala e Luís Arriaga. Num outro programa, Hermanias (1984), Carlos Paião compôs a totalidade das músicas e letras de Serafim Saudade, uma caricatura criada por Herman José, já então uma das figuras mais populares da televisão portuguesa.
Em 1983, cantava ao lado de Cândida Branca Flor, com quem interpretou um dueto muito patriótico intitulado Vinho do Porto, Vinho de Portugal, que ficou em 3.º lugar no Festival RTP da canção.
Em 1985, concorreu ao Festival Mundial de Música Popular de Tóquio (World Popular Song Festival of Tokio), tendo a sua canção sido uma das 18 seleccionadas em mais de 2000 representativas de 58 países.
A editora EMI - Valentim de Carvalho tinha inclusive chegado a encomendar a Carlos Paião canções para outros artistas, entre os quais o próprio Herman José, que viria a alcançar grande êxito com A Canção do Beijinho, e Amália Rodrigues, para quem escreveu O Senhor Extra-Terrestre (1982), cuja letra chegou mesmo a constar dum manual para alunos de escola primária.
A 26 de Agosto de 1988, a caminho de um espectáculo em Penalva do Castelo, morre num violento acidente de automóvel, na antiga estrada EN1, actual IC2. Nesta altura, estava a preparar um novo álbum intitulado Intervalo, que acabou por ser editado em Setembro desse ano, e cujo tema de maior sucesso foi Quando as nuvens chorarem.
Compositor, intérprete e instrumentista, Carlos Paião produziu mais de quinhentas canções, tendo sido homenageado em 2003, com um CD comemorativo dos 15 anos do seu desaparecimento - Carlos Paião: Letra e Música - 15 anos depois (Valentim de Carvalho).
Fonte: Wikipédia

The Smiths

The Smiths é uma banda inglesa, surgida na cidade de Manchester e bastante popular na década de 1980. A sua música já recebeu diversas classificações ao longo dos anos, seja como alternativa, pop, indie ou até mesmo o abrangente rótulo de Rock Inglês. O grupo existiu formalmente entre 1982 e 1987. O nome Smith é o sobrenome mais popular na Inglaterra (equivale ao Ferreira em Português). O objectivo era mostrar que a banda era formada de pessoas comuns.
Steven Patrick Morrissey após ter deixado a escola, sentiu-se "perdido", ficando em casa a ler e a escrever para para um jornal local e para passar o tempo. Até que certo dia em 1982, na sua terra natal, Manchester, Johnny Marr (John Maher) sugeriu a Morrissey, escrever letras para as músicas que andava a compor. No início apenas pretendiam fazer músicas para vender a outros artistas, mas pouco tempo depois decidem avançar para formar uma banda. Andy Rourke no baixo e Mike Joyce na bateria, foram posteriormente chamados para se juntarem à banda.
Morrissey escolhe o nome mais banal possível, The Smiths, em contraste com os nomes complicados e pomposos que as bandas escolhiam na altura (Orchestral Manoeuvres in the Dark, Depeche Mode, Classix Nouveaux...). As roupas que usavam em palco, simples e comuns, uma vez mais em contraste com as bandas "New Romantics" da altura que cultivavam o "choque" visual (esta atitude"no image" faz lembrar os The Cure de Robert Smith no início da sua carreira). Pessoas comuns a fazerem música era o que eles pretendiam demonstrar com esta envolvente. Os Smiths pretendiam também voltar a dar à guitarra o estatuto de instrumento privilegiado, rompendo com o panorama musical desta altura.
Depois de alguns ensaios e concertos assinam pela "Rough Trade", uma pequena editora independente, na primavera de 1983. O primeiro single da banda foi "Hand In Glove"; sensação nas tabelas independentes, mas é com o segundo single "This Charming Man" que a banda consegue obter um verdadeiro "hit" tornando-se o maior sucesso de vendas de sempre da "Rough Trade". "What Difference Does It Make" é outro single que também contribuiu para uma onda crescente de fãs ajudada pelas críticas fantásticas que a imprensa lhes dedicava.
A banda gera alguma controvérsia por alegadamente duas das suas canções que eram passadas na "BBC Radio", "Reel Around The Fountain" e "Handsome Devil" serem condescendentes em relação à pedofilia. Acusações que Morrissey refutou categoricamente. Outra música que gerou controvérsia foi "Suffer Little Children" que é acerca dos assassinatos perpetrados por dois homicidas patológicos em Manchester. Apesar de ser uma homenagem sentida às vítimas que eram da sua idade quando se deu a tragédia, pensou-se que seria uma maneira evidente de chamar a atenção, pois foi um dos crimes mais mediáticos de todos os tempos no Reino Unido.
Com todos estes antecedentes e já com uma vasta legião de fãs, os Smiths gravam o seu primeiro LP. Em 1984 sai o primeiro álbum, com o mesmo nome que o grupo, The Smiths, que atinge o nº 2 do Top do Reino Unido e é bastante aclamado pela crítica. Este álbum é particularmente importante porque vinha contrapor a tendência do “synth pop”. Além dos singles anteriormente editados, este álbum conta com as excelentes "Still Ill" e "Pretty Girls Make Graves".
Ainda em 1984 lançam dois singles que não tinham sido incluídos no álbum de estreia, "Heaven Knows I'm Miserable Now" que foi o primeiro single da banda a atingir o top 10 britânico, e "William, It Was Really Nothing" que julga-se ser escrita acerca do seu amigo, Billy Mackenzie, vocalista dos "The Associates". O compacto tinha como lado B uma das músicas mais elogiadas, "How Soon Is Now".
Meat Is Murder é o segundo álbum da banda e entra directamente para nº 1 em 1985. É um álbum politizado e que marca o início de uma série de entrevistas politizadas de Morrissey, nas quais critica as mesmas pessoas que o Robert Smith: Margaret Thatcher e a sua administração, a família real, o Live Aid e pessoas como Madonna e George Michael.
Mais três singles foram editados, "Shakespeare's Sister", "That Joke Isn't Funny Anymore" e "The Boy With The Thorn In His Side".
Em Julho de 1986 os Smiths lançam o disco que muitos consideram ser sua obra-prima: “The Queen Is Dead”. Para a "Spin" foi mesmo considerado o melhor álbum de todos os tempos e para a "Melody Maker", "NME" entre outras publicações, este álbum entrou no top 10.
Destaque para os singles "Bigmouth Strikes Again", "The Boy With The Thorn in His Side" e "There Is A Light That Never Goes Out", e "I Know It's Over”.
É nesta altura, entretanto, que começam a surgir os problemas. Divergências com a editora adiam o lançamento do álbum; Johnny Marr estava exausto e andava a beber demais e certas pessoas começavam a fazer-lhe crer que não precisava de Morrissey; Andy Rourke foi demitido da banda por problemas com heroína, mas acabou por regressar, apesar de ter sido momentaneamente substituído por Craig Gannon.
No meio deste ambiente tumultuoso que tomava conta da banda, são lançados dois compactos, "Panic" e "Ask", canções mais animadas do que a banda costumava fazer.
1987 é o ano da fatalidade, do confronto final de egos entre Johnny Marr e Morrissey, duas pessoas brilhantes mas com visões diferentes quanto ao rumo a seguir e assim chega ao fim uma das colaborações mais frutuosas da história da música e procedem ao desmantelamento da banda. Mas antes ainda editam o single "Sheila Take A Bow" e Strangeways, Here We Come que incluí belas canções como "Last Night I've Dreamt That Somebody Loved Me", "I Started Something I Couldn't Finish", "Death Of A Disco Dancer", "Girlfriend In A Coma", entre outras. O álbum alcança o nº 2 do top do Reino Unido.
Membros
Morrissey – vocais, letras
Johnny Marr – guitarras, teclados, baixo
Andy Rourke – baixo
Mike Joyce – bateria
Outros membros
Dale Hibbert – baixo (1982)
Craig Gannon – guitarra de ritmo (1986)
Discografia - Álbuns
The Smiths (1984).
Hatful of Hollow (coletânea, 1984).
Meat Is Murder (1985).
The Queen Is Dead (1986).
The World Won't Listen (coletânea, 1987).
Louder Than Bombs (coletânea, 1987).
Strangeways, Here We Come (1987).
Rank (ao vivo, 1988 [1986]).
Best...I (coletânea, 1992).
...Best II (coletânea, 1992).
Singles (coletânea, 1995).
The Very Best of The Smiths (coletânea, 2001).

Fonte wikipedia

Exploradores do Abismo

Acreditava que os meus exploradores vinham daí, até que, há umas semanas, encontrei acidentalmente a frase que tinha atribuído a kafka e descobri que não se aproximava da que ele dissera. A verdadeira frase era esta: "Quanto mais os homens caminham, tanto mais se afastam da meta. Gastam as suas forças em vão. Pensam que andam, mas só se precipitam - sem avançar - no vazio. É tudo."
Portanto, não havia nenhum explorador na frase kafkiana, e ainda menos do vazio. A confusão, seguramente, tinha-se verificado porque o título desse artigo era "Explorador que avança" e, possivelmente, eu modificara a frase de kafka como me convinha para que tudo batesse certo com o título do artigo.
Mais do que precipitar-se, os meus exploradores detêm-se em determinados limiares e, antes de se despenharem, dedicam-se a dissecar o abismo, a estudá-lo. No fundo, têm um sentido festivo da existência, e jurar-se-ia que ouviram estes versos de Roberto Juarroz que encontramos na sua Poesia Vertical:
Às vezes parece
que estamos no centro da festa.
No entanto
no centro da festa não há ninguém
No centro da festa está o vazio
Mas no centro do vazio há outra festa.

Enrique Vila-Matas

Bright Lights, Big City

You are not the kind of guy who would be at a place like this at this time of the morning. But here are you , and you cannot say that the terrain is entirely unfamiliar, although the details are fuzzy. you are at a nightclub is eitther Heartbreak or the Lizard Lounge. All might come clear if you could just slip into the bathroom and do a little more Bolivian Marching Powder. then again, it might not. A small voice inside you insists that this epidemic lack of clarity is a result of too much of that already. the night has already turned on that imperceptible pivot whwrw two A. M. changes to six a. M. You know this moment has come and gone, but you are not yet willing to concede that you have crossed the line beyond which all is gratuitous and the palsy of unraveled nerve endings.

Jay McInerney

Poeta

Fresco e róseo, o sol ergue-se nas alturas,
No remoto azul o mar corre pelos seus canais,
O vento levanta-se sobre o peito do mar, soprando em direcção à terra,
O grande vento do Oeste ou do Sudoeste,
Flutuando agilmente com a espuma das águas, branca como o leite.
26 de agosto de 2008
Mas eu não sou o mar nem o sol vermelho,
Não sou o vento que ri como as raparigas,
Nem o vento imenso que fortalece, nem o vento que açoita,
Nem o espírito que martiriza o seu próprio corpo até ao terror e à morte,
Sou aquele que, invisível, vem cantar, cantar e cantar,
Que fala e fala nos regatos e esvoaça sobre a terra,
Sou aquele que os pássaros conhecem de manhã e de tarde nos bosques,
E conhecem as praias, a areia, as ondas sibilantes, a insígnia e a bandeira,
Que lá no alto ondulam e ondulam.

Walt Whitman, Folhas de Erva
(selecção e trad. de José Agostinho Baptista)

Porto Santo, Agosto de 2008











segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sem título


Gore Vidal - Caligula

MEDIUM SHOT
CALIGULA is in bed, naked beneath a sheet. Beside him is his oldest sister DRUSILLA. The room is typical of a wealthy Roman bedroom of the first century A. D. In other words, it is rather small by this century's standards, with beautifully painted walls; there are no windows. A single door leads to an atrium/courtyard. Except for the bed, a chest, a pair of wrought-silver lamps, there is no furniture. CALIGULA's scream awakens DRUSILLA. She sits up.
TWO-SHOT - CALIGULA AND DRUSILLA
DRUSILLA holds CALIGULA as if he were still a child. She soothes him.
DRUSILLA
Hush...it's just a dream...
CALIGULA (half-awake)
He'll kill me...
DRUSILLA (crooning)
No...no...you're safe. You're with me.
Silence. CALIGULA is now wide awake; face covered with sweat. He is breathing hard. He stares a moment at the ceiling. Then he turns to DRUSILLA and smiles.
Gore Vidal - Caligula

Keita, o rei do Mali

Nascido a 25 de Agosto de 1949

Connery, o rei da Escócia

Nascido a 25 de Agosto de 1930


E no meio

Agora,
dispostas as coisas, o silêncio, os bens,
a cadeira junto do mar,
só tu cruzas o sobressalto dos meus domínios,
em direcção ao dia.
Entre o ar e as folhas
respira a tua desordem, fulminando as rosas.
Ao anoitecer,
um homem enreda-se nas teias do seu mal, e
no meio incendeias a voz.
És a minha voz, o alto sangue queimado.

José Agostinho Baptista, Biografia

domingo, 24 de agosto de 2008

À espera até ao sempre


Antes que o barco o alcance, deita na cana toda a paciência do mundo e aguarda as sobras do mar. Parece solitário (a arriba só à sua ousadia permite o percurso) mas alguns peixes preferem o artesanato da esperança.

Canto 19.º

Parei ao sol uma manhã de verão
e vi as estrelas
cheias de pessoas, como outrora,
para o mercado da seda.
Os casulos nos sacos
empolavam os aventais das mulheres.
Mas de repente desapareceu tudo
e eu era um prego no meio da praça
fazendo uma sombra quente.

Tonino Guerra, O Mel
(trad. Mário Rui de Oliveira)

O Tempo (ainda e sempre)


24 de agosto de 2008 à horatalvez cheio de açucar
JORGE LUÍS BORGES

(1899 - 1986)

sábado, 23 de agosto de 2008

E vão crescendo os bichanos











Pink Floyd - The Wall - What Shall We Do Now

Ouro e Prata


Apesar das desculpas de alguns, ditadas por um claro egocentrismo narcisístico e quiçá até algum provincianismo bacoco e complexado;

Apesar da hipocrisia de outros, habituados a um "tachismo" deslumbrado e que os faz crer que certos cargos públicos mais não têm que ser senão os seus feudozinhos privados;

Apesar, enfim, de uma triste pequenez que teimam em impôr, o certo é que, com um salto para a frente (para muito à frente) e uma vontade indómita, estes são, verdadeiramente, os NOSSOS HERÓIS!
Obrigado por me terem mostrado que continua a valer a pena acreditar em PORTUGAL! Hoje e sempre.

Sem título

Esboço-te em tonalidades novas
De magia encoberta aos demais
Há eco da guerra quente do calor
Desse bafo engano ledo de amor
Nossos silêncios gritam as provas
Do fim do mundo, fim das modas
Do senso derradeiro dos mortais
Do gasto do desuso dos carnais.
Destino de corromper coisas novas
Sorte de ser dos deuses bem menor

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Velocidade



Fugias...

Rascunhei 1 poema de pressa
e de não te deixar fugir,
na imagem do teu rosto
a querer partir.

Prometeras ficar mais um segundo
Jurara-lo pela graça do mundo.

E acreditei,
imaginei
que me podias trocar
por todo o resto,
talvez ainda amar
o que nem presto.

E a ilusão durou o mesmo tempo,
se calha, apenas um segundo mais;
fiquei-me só, eu e o desalento,
envolto no teu rosto e nos meus ais.


(14.12.2007)

Embalagens enganosas

Embalagens enganosas pós-modernas como última palavra da era moderna.
Ao invés de finalmente levar a sério os postulados do Marx esotérico diante da crise mundial e alcançar uma reflexão crítica em alto nível para além do paradigma de modernização já esgotado, as ciências sociais desarmadas procuram trapacear diante desta tarefa. Não apenas não se almeja nenhum outro nível de reflexão, como também se tenta prorrogar mais uma vez a antiga forma de reflexão imanente da história de imposição capitalista, indo além de sua data de vencimento. Para isso, o sociólogo Ulrich Beck inventou o termo da "modernização reflexiva". Mas esse termo que acabou se tornando muito usado e recitado de maneira inconsciente é um termo oco e uma embalagem enganosa, pois a “reflexividade” aqui postulada já não se refere, em absoluto, a mais uma forma combatida do capitalismo, mas sim ainda somente a uma pura fenomenologia. Em outras palavras: mais do que nunca pressuposta de maneira cega em seu contexto capitalista, a sociedade deverá se comportar "reflexivamente" somente em relação aos diversos fenómenos e consequências de seu agir tresloucado e destrutivo.
Robert Kurz "Marx Lesen", Frakfurt am Main: Eichborn, 2001. ISBN 3-8218-1644-9.

Possuir

"Quanto menos comes, bebes, compras livros, vais ao teatro e ao café, pensas, amas, teorizas, cantas, sofres, praticas desporto, etc., mais economizas e mais cresce o teu capital. «És» menos, mas «tens» mais. Assim, todas as paixões e actividades são tragadas pela cobiça. "
Karl Marx

Até à volta

Onde todos os sonhos são vividos! Até à volta!
Baía de Angra, Ilha Terceira

A Jack Kerouac

Para quem conhece, percebe porquê...
Biscoitos, Ilha Terceira

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Saudade



O regresso, em grego, diz-se nostos. Algos significa sofrimento. A nostalgia é portanto o sofrimento causado pelo desejo insatisfeito de regressar. Para esta noção fundamental, a maior parte dos europeus podem utilizar uma palavra de origem grega (nostalgia, nostalgia) e além disso outras palavras com raízes na sua língua nacional: anoranza, dizem os espanhóis; saudade, dizem os portugueses. Em cada língua, estas palavras possuem um matiz semântico diferente. Muitas vezes significam apenas a tristeza causada pela impossibilidade de regresso ao país. Recordação dolorosa do país. Recordação dolorosa do lugar. O que em inglês se diz: homesickness. Ou em alemão: Heimweh. Em holandês: heimwee. Mas trata-se de uma redução espacial da grande noção. Uma das mais antigas línguas europeias, o islandês, distingue bem dois termos: soknudur: nostalgia no sentido geral; e heimfra. A recordação dolorosa do país. Os checos, a par da palavra nostalgie vinda do grego, têm para a noção o seu próprio substantivo, stesk, e o seu próprio verbo, a mais comovente expressão de amor checa: styska se mi po tobe: tenho nostalgia de ti; não posso suportar a dor da tua ausência.

Milan Kundera, A Ignorância, 2

Primavera de Praga

A Primavera de Praga, aconteceu em 1968 na Tchecoslováquia. Foi um movimento liderado por intelectuais reformistas do Partido Comunista checo interessados em promover grandes mudanças na estrutura política, económica e social do país. A experiência de um "socialismo com face humana” foi comandada pelo líder do Partido Comunista local, Alexander Dubcek. A proposta surpreendeu a sociedade checa, que em 5 de Abril de 1968 soube das propostas reformistas dos intelectuais comunistas. O objectivo passava por retirar o cariz “stalinista” do sistema socialista checoslovaco, garantindo liberdades e direitos até então vedados como a liberdade de imprensa, o poder judiciário independente e a tolerância religiosa.
As propostas foram apoiadas pela população. Acreditavam que era possível transformar, pacificamente, um regime ortodoxo comunista para uma social-democracia aos moldes ocidentais. Com estas propostas, Dubcek tentava provar a possibilidade de uma economia colectivizada conviver com ampla liberdade democrática.
A União Soviética, temendo a influência que uma Tchecoslováquia democrática e socialista, independente da influência soviética e com garantias de liberdades à sociedade, pudesse passar às nações socialistas e às "democracias populares", mandou tanques do Pacto de Varsóvia invadirem a capital Praga em 20 de Agosto de 1968. Dubcek foi detido por soldados soviéticos e levado a Moscovo. Na cidade de Praga a população reagiu à invasão soviética de forma não violenta, desnorteando as tropas. A organização quase espontânea foi em parte liderada pela cadeia de vários pequenos transmissores construídos às pressas por membros do exército checo Os russos conseguiram uma ocupação total em poucas horas, porém chegaram a um impasse político, as diversas tentativas para criar um governo colaboracionista fracassaram e a população checa foi eficiente em minar a moral das tropas. No dia 23 iniciou-se uma greve geral e no dia 26 publicou-se o decálogo da não cooperação: não sei, não conheço, não direi, não tenho, não sei fazer, não darei, não posso, não irei, não ensinarei, não farei!
Enquanto isso, os raptores contavam a Dubcek que a população checa estava sendo massacrada como fora a população húngara 12 anos antes, o que o levou a assinar um acordo de renúncia.
Um dos livros que fazem referência à Primavera de Praga é "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera. Relata o Amor de dois casais e seus conflitos amorosos. Bastante repetição de acontecimentos. Vistos de outros ângulos. Óptima leitura para quem quiser se "familiarizar" mais um pouco com a Primavera de Praga.
Fonte: wikipedia

Lembrança do Mar

Curvo-me ao mar; não por respeito apenas,
pelas histórias q’enrolam as ondas serenas:
marinheiros trespassados por cúpidos de sereias
fantásticos castelos engolidos por limos nas ameias.

Se a onda se encrespa, agreste e revolta,
enchem-se de sangue e gritos as fantasias:
tremendos piratas e uma princesa morta
num turvo fundo que m’engole as alegrias.

O verde e o azul juntam-se num tabuado
e fantasmas desdentados sinam assobios,
traçando no ondulado riscos de sapateado
até suarem, só pela manhã, seus desafios.

As gaivotas alertam-me no enquanto
reparo nas cruzetas daquele desenho
como se de Arraiolos fosse um manto
oblíquo voo onde em que me detenho.

Vão assim tardes infindas, sentindo
o verde, a elas, o azul e a história
coisas que na escola vou mentindo
até que partam, fugindo da memória.


(2.01.2008)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Hugo Pratt

Hugo Eugenio Pratt nasceu em 15 de Junho de 1927, na praia de Lido di Ravenna, Rimini na Itália e faleceu a 20 de Agosto de 1995 na Lausana, Suíça. Foi um autor de Banda desenhada italiano, criador de inúmeras personagens, das quais se destaca especialmente Corto Maltese.

Em 1945 conhece o desenhador Mario Faustinelli, e inicia-se na BD, faz parte do "grupo de Veneza", com Alberto Ongaro, Damiano e Dino Battaglia, entre outros. A sua colaboração na revista Asso di Picche, vale-lhe um convite para trabalhar na Argentina, para onde viaja em 1949, regressando em 1962.
Em 1967, apôs cinco anos difíceis, conhece Florenzo Ivaldi, um empresário genovês que adora BD. Decidem lançar uma nova revista mensal, Sgt. Kirk, onde aparecem as primeiras pranchas de “Una Ballata del Mare Salato” (A Balada do Mar Salgado), com um personagem, Corto Maltese, na altura ainda um personagem secundário. A publicação da revista seria interrompida 30 números depois em Dezembro de 1969.
A série de Corto Maltese continua três anos depois na revista francesa Pif. Entre Abril de 1970 e Abril de 1973 publica 21 episódios, hoje agrupados nos ciclos Sob o Signo do Capricórnio, Corto sempre um pouco mais longe, As Célticas e As Etiópicas
A partir da segunda metade dos anos 70 e nos anos 80, Hugo Pratt desenvolve novas aventuras de Corto Maltese, que o consolidam como um dos grandes criadores do século XX.
Derivado dos seus conhecimentos de história e de uma capacidade de pesquisa exaustiva muitas das suas histórias estão colocadas em momentos determinados por acontecimentos relevantes (a guerra de 1755 entre os franceses e colonos britânicos em Ticonderoga, guerras coloniais em africa e ambas as guerras mundiais) e por alguns personagens que são figuras históricas ou bastante semelhantes, como o principal adversário de corto, Rasputin.
A convite de George Rieu, chefe de redacção da revista francesa Pif. desenvolve também a série os Escorpiões do Deserto. Colabora também como o seu amigo e pupilo Milo Manara em diversos títulos como, por exemplo, El Gaucho

Curva apertada

Já outros sinais, no entanto, revelam uma clara oportunidade de colocação. Quem quer que esteja de boa fé não deixará de concordar com o aviso. E se não, ficará por sua conta e risco.

Viagem

São verdes os olhos que vêem viagens
castanhos os que mais castos esperam:
que o maravilhoso mapa das miragens
são sonhos já sonhados que se cerram.
20.08.2008
(12.01.2008)

MAR

Na palavra mar há 3 letras distintas
Pintadas das cores que tu quiseres.
Aos riscos, com traços ou às pintas,
Desde que sobre fundo de mulheres.

Podes pintar em azul, riscar de verde
Inventares as cores de tua liberdade.
É sempre o mar que respirando mede
Se tens no coração o traço da saudade.

É que o mar não aceita ser agreste
E sorri-se na espuma em feminino,
Desfazendo os nós que lhe fizeste
Se não soam ao que és, e é divino.


(12.01.2008)

Acendalhas

Era como fechar o dia com as acendalhas, junto ao coração quase deserto. As mais simples palavras entravam em desgoverno, a sombra das tuas mãos cobria quase metade da terra. A meio da sala alguns pratos, incenso, a luz azul do computador, o sentimento ainda selado por atilhos, cordames, a música repetia-se cadenciada no cenário desastrado. e o sol, que desaparecera, e vénus, que brilhava, ardiam um no outro como troféus do coração.
20.agosto.2008
Fernando Luís Sampaio
Falsa Partida

terça-feira, 19 de agosto de 2008

O poder da proibição

Esta fotografia refere-se a uma "localidade" que tem aquela garagem na rocha, uma outra garagem para o barco e um restaurante. É a Calheta, no "fim" do Porto Santo, junto ao Mar da Travessa e ao Ilhéu da Cal. Não consta que tenha qualquer habitante. No entanto, desde há pouco mais de um ano, um cão fica ali sempre, todos os dias e noites, "guardando" a zona. Pode dizer-se que ele é o único habitante. Perante esta realidade, o sinal, cínico, destina-se ao único dono do local.

O Mar



O Tempo



Ilhas de Bruma

Com uma dedicatória imensa

Comboio

De fato e gravata, a tentar poesia.
Meio da aurora, Santa Apolónia
Rima, desleixo, sintonia.
Grita um viajante em euforia:
Memória não há desta heresia!

Cinco cantos de Ode em Alfarelos
Um solavanco risca na carruagem
Um grito, um solo, uma homenagem
- Vou é desfazer outros novelos...

E deixar -me de candura:
A vida não é (só) uma aventura!

(20.11.2007)

A Montanha Mágica


Após um entardecer envolto em bruma, o amanhecer esperado.

Anos


Um dia destes faço anos, Deus o queira
Ou todos os dias faço, de certa maneira
Combino a 21, ou quinze ou até a cinco
Depois faço, depois os desfaço:
Sinto e não sinto.

Tanto faz, Cereja, tanto dá: qualquer dia
se choras, teimosa, dou-te uma alegria.
E nesse agrado de diluíres o tempo,
fica bem:dou-te um beijo em pensamento.

(20.11.2007)

A tempo...

Queria saber se morro
a tempo de lembrares-me
os olhos.
E o demais que mentias, sem querer.
Dizias: "voltaremos a saber!"
Talvez te morra a tempo de me ver.

(20.11.2007)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Ao ouvir as suites inglesas de bach, a humidade
dos campos envolve-me, com uma névoa de rios
e uma auréola de margens. Esta música puxa-me,
pelas suas mãos de som, para o ritmo que o poema
devia encontrar no limite dos teus cabelos; e tu,
contra o portão, nesse contra-luz que te incendeia
o vermelho da túnica sobre o fundo branco dos
muros, roubas ao cravo o seu sorriso profano,
plantando nas suas tevlas um desejo que o jardim
do teu corpo fará florescer. Assim, vens até mim
pelos degraus deste ritmo que bach inventou,
para descrever não se sabe que dança, movimento
de saias com o vento, baloiço vago que se evola
de uma entrega evanescente, num canto de arbusto,
até ao silêncio branco com que o amor se fecha.

Nuno Júdice, Episódio Musical
Poesia no Porto Santo, Antologia 2004