Acreditava que os meus exploradores vinham daí, até que, há umas semanas, encontrei acidentalmente a frase que tinha atribuído a kafka e descobri que não se aproximava da que ele dissera. A verdadeira frase era esta: "Quanto mais os homens caminham, tanto mais se afastam da meta. Gastam as suas forças em vão. Pensam que andam, mas só se precipitam - sem avançar - no vazio. É tudo."
Portanto, não havia nenhum explorador na frase kafkiana, e ainda menos do vazio. A confusão, seguramente, tinha-se verificado porque o título desse artigo era "Explorador que avança" e, possivelmente, eu modificara a frase de kafka como me convinha para que tudo batesse certo com o título do artigo.
Mais do que precipitar-se, os meus exploradores detêm-se em determinados limiares e, antes de se despenharem, dedicam-se a dissecar o abismo, a estudá-lo. No fundo, têm um sentido festivo da existência, e jurar-se-ia que ouviram estes versos de Roberto Juarroz que encontramos na sua Poesia Vertical:
Às vezes parece
que estamos no centro da festa.
No entanto
no centro da festa não há ninguém
No centro da festa está o vazio
Mas no centro do vazio há outra festa.
Enrique Vila-Matas
2 comentários:
Gostei imenso é cheio e intenso.
O vazio anda de festa em festa como já todos desconfiavamos...
E a festa anda de abismo em abismo!?
Um poema muito bem escolhido pelo interessante Vila-Matas.
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