Curvo-me ao mar; não por respeito apenas,
pelas histórias q’enrolam as ondas serenas:
marinheiros trespassados por cúpidos de sereias
fantásticos castelos engolidos por limos nas ameias.
Se a onda se encrespa, agreste e revolta,
enchem-se de sangue e gritos as fantasias:
tremendos piratas e uma princesa morta
num turvo fundo que m’engole as alegrias.
O verde e o azul juntam-se num tabuado
e fantasmas desdentados sinam assobios,
traçando no ondulado riscos de sapateado
até suarem, só pela manhã, seus desafios.
As gaivotas alertam-me no enquanto
reparo nas cruzetas daquele desenho
como se de Arraiolos fosse um manto
oblíquo voo onde em que me detenho.
Vão assim tardes infindas, sentindo
o verde, a elas, o azul e a história
coisas que na escola vou mentindo
até que partam, fugindo da memória.
(2.01.2008)
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4 comentários:
Belíssimo poema. E sempre o mar, seus mistérios e cores em nuances, ondas sentidas pelo luar. Encantamento sem fim.
* Grata pela visita ao Desnuda. Agora veio Sam rsrs.
Beijos azuis
Poema muito belo.
Cara sam, sempre atenta.
Saudações azuis.
As mentiras da memória que se guardam as fantásticas belezas do mar e das princesas. Ainda bem.
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