Empresta-me o teu bafo quente
Para respirar os frios da tua ausência
E poder recuperar a paciência
De esperar mais, de esperar sempre
É que
Tenho o coração pequenino de frio
E já torra o Verão na tarde seca
É Deus que me faz o desafio
A natureza que de ti me separa, peca
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Minha aldeia, como a concha e o mundo
Minha aldeia é ermo de montanha
Grão d’areia no planalto do mundo
Alva na neve ou da cor da cigana
Quando o estio rasga no profundo
É a concha da pena de Vitorino
O Natal cantado a Deus menino
É todo o mundo, diria Gedeão
Cabeça, carne, alma e coração
É o rasto de festas das donzelas
Folguedos nos meios de Setembro
Uma oração chorada à luz de velas
Um infinito maior do que já lembro
É aquele som dourado do grilo
(penso que consigo ouvi-lo…)
Pinheiros e acácias de permeio
E o gosto intenso do centeio
Grão d’areia no planalto do mundo
Alva na neve ou da cor da cigana
Quando o estio rasga no profundo
É a concha da pena de Vitorino
O Natal cantado a Deus menino
É todo o mundo, diria Gedeão
Cabeça, carne, alma e coração
É o rasto de festas das donzelas
Folguedos nos meios de Setembro
Uma oração chorada à luz de velas
Um infinito maior do que já lembro
É aquele som dourado do grilo
(penso que consigo ouvi-lo…)
Pinheiros e acácias de permeio
E o gosto intenso do centeio
Minha aldeia, enfim, não é verdade
Só não quis derrubar-me em nostalgia
Toda esta graça mais não é que fantasia
De confundir-me a mim com a saudade
Por Abril (e tão verdade)
Por Abril me vou
pastoreando o monte.
Não vejo senão estevas
perdidas no torpor do sono,
insectos sobrevivos por milagre
e ventos quanto baste
para lembrar as vingativas
navalhas de Fevereiro.
Quem diria de Abril -
supostamente o das flores
e dos arroubos do sangue -
esta desleal,
dolorosa ocultação da Primavera.
A. M. Pires Cabral, Arado, Edições Colibri, 2009
pastoreando o monte.
Não vejo senão estevas
perdidas no torpor do sono,
insectos sobrevivos por milagre
e ventos quanto baste
para lembrar as vingativas
navalhas de Fevereiro.
Quem diria de Abril -
supostamente o das flores
e dos arroubos do sangue -
esta desleal,
dolorosa ocultação da Primavera.
A. M. Pires Cabral, Arado, Edições Colibri, 2009
quarta-feira, 29 de abril de 2009
POMBA
dizem incompletamente.
hhhhhhhhh
Porém há gente que sabe
que é também irmã do vento
hhhhhhhhh
quando a deixam soltar
todo o voo que traz dentro.
hhhhhhhhhhhh
A. M. Pires Cabral, ARADO, Edições Cotovia, 2009 MELRO EM GAIOLA
Contrariamente aos outros pássaros,
o melro não canta: ri-se. O melro
é uma gargalhada semovente
voando entre as moitas,
deixando
farrapos de riso a esvoaçar nos ramos
ggggggggggggggggg
II
Pois bem. Algúem que odeia o riso
encerrou o melro na gaiola.
(...)
hhhhhhhhhhh
V
Lição a reter: as expectativas
são um lugar
só aparentemente desagradável.
Podem sempre encolher, mas nunca morrem.
VI
E todavia,
as risadas do melro na gaiola
fazem-me rasgões por dentro
como se em vez de riso fossem pranto.
hhhhhhhhhh
Porque eu sou como ele:
alguém me reduziu o tamanho do quintal
até o quintal ficar isto que se vê
- e eu a defendê-lo a golpes de riso.
hhhhhhhhh
Como o melro, tal e qual.
hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhA. M. Pires Cabral, Arado, Edições Cotovia, 2009
segunda-feira, 27 de abril de 2009
A liberdade, o fumo e o direito do trabalho
Para o amigo Viriato, fundando-me em dois motivos: é curto, como ele bem sabe, o traço que distingue a repressão dos vícios e a queda na ditadura dos costumes; porque, para um jovem causídico, o direito laboral é das coisas mais belas da criação moderna. Digo eu; mas, o que acrescento, é retirado, linha a linha, de um recente Manual:
jjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjj
HHHHH"Em jeito de conclusão, dir-se-ia que o tabaco formula uma dupla exigência ao Direito do trabalho: i) grande rigor quando se trate de salvaguardar a saúde dos trabalhadores face aos efeitos perniciosos do "fumo passivo"; ii) grande firmeza no combate às derivas totalitárias ou fundamentalistas que, em nome da saúde pública, tendem a legitimar discriminações e a sacrificar liberdades fundamentais do indivíduo.
HHHHHCerto, o tabaco mata. Mas, enfim, com ou sem tabaco, a morte é certa... E a verdade é que, para muitas pessoas, o tabaco faz viver enquanto mata («La cigarette: faire vivre tout en tuant»), isto é, parece contribuir para tornar a vida mais merecedora de ser vivida. É, pois, um Direito do trabalho intransigente que se reclama, tão intransigente na protecção face à exposição involuntária ao fumo do tabaco quanto na garantia da liberdade de cada qual poder usufruir dos pequenos prazeres de que (também) se compõe a vida dos homens e das mulheres so séc. XXI - um século, diga-se, em que uma certa intolerância fitness ameaça instalar-se".
nnnnnnnnnnn
João Leal Amado, Contrato de Trabalho - À luz do novo Código do Trabalho, Coimbra Editora, 2009, pp. 233
MÃE ILHA (III e IV)
gggggggggg
Foi isto outrora na ilha das fadas
Embrumada em hortênsias. Não sonhei.
Sobre as lagoas de águas encantadas
Dormiam os fetos e não havia lei.
ffffffffffffffffff
As vacas, nas colinas esfumadas
Ruminavam o eterno. Ali folguei
Na festa das crianças coroadas.
Reinava o amor e não havia Rei.
fffffffffffffffffffffffffff
Dentro da música a casa repousava.
Minha mãe docemente penteava
Os meus cabelos e caíam pérolas.
fffffffffffff
Rumores longínquos da infancia oclusa,
Que num desvão da alma ainda debruça
Uma varanda sobre um mar de auréolas.
fffffffff
IV
(Sempre que ouço piano)
vvvvvvvvvvvvvvv
Por lentas alamedas musicais
Chegam-lhe as tuas mãos ledas e leves
Trazem-me a valsa que enchia de cristais
A casa e eras de louça mãe de Sévres.
fffffffffffff
Lá nas fajãs partiu-te um sopro a mais
Que a morte é cio de belezas breves,
Mas, ó mistério de dedos siderais!,
Um triz de música e uma azália escreves.
bbbbbbbbbbb
Mãos que me levam lácteas pelos cabelos
(Lembras-te? eram anéis dos teus anelos)
Para a ilha. No teu seio o mar arfava.
vvvvvvvvvvvvvv
Mãos doceiras das flores com que cobrias
O meu sono. Mais música! Para os dias
De opala, mãe de mel, falta uma oitava.
bbbbbbbbbbbbbb
Natália Correia, Sonetos Românticos, 1990(foto: mar de Rabo de Peixe, 1990)
domingo, 26 de abril de 2009
A CONCHA
Segreguei-a de mim com paciência:
Fachada de marés, a sonho e lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.
bbbbbbbbbbbbb
Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.
gggggggggg
E telhados de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta ao vento, as salas frias.
ggggggggggggggggggg
A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.
bbbbbbbbbbbbbbb
Vitorino Nemésio, O Bicho Harmonioso
sábado, 25 de abril de 2009
As balas e as pedras têm sede
As balas e as pedras têm sede
de mutilar o corpo e a vidraça.
É em litros de sangue que se mede
a coragem de lutar contra a desgraça.
Se um cão apodrece entre as begónias
ou um cravo cresce à força de ter estrume
as formigas formam núcleos e colónias
onde é proibido à noite fazer lume.
Amarram-se as cigarras à surpresa
de ter na voz a voz do povo acesa
e acende-se a coragem amarrada.
Revoltam-se as palavras nos poemas
quebrando frases feitas e algemas
em nome da tristeza revoltada.
Joaquim Pessoa, Português Suave
de mutilar o corpo e a vidraça.
É em litros de sangue que se mede
a coragem de lutar contra a desgraça.
Se um cão apodrece entre as begónias
ou um cravo cresce à força de ter estrume
as formigas formam núcleos e colónias
onde é proibido à noite fazer lume.
Amarram-se as cigarras à surpresa
de ter na voz a voz do povo acesa
e acende-se a coragem amarrada.
Revoltam-se as palavras nos poemas
quebrando frases feitas e algemas
em nome da tristeza revoltada.
Joaquim Pessoa, Português Suave
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Nosso Tempo
uma cidade ouvida quando os dias
como estranhas fachadas se separam
Ó tempo verdadeiro, para a nossa ruína
um céu de nuvens baixas
um céu de nuvens baixas
fffffffffffffffff
Gastão Cruz, As Pedras Negras, Relógio D'Água, 1995
O Palácio da Ventura
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
fffffffffffffffffffffffff
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
ffffffffffffffffffffffffffff
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, O Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!
dddddddddddddddddd
Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
Antero de Quental, Sonetos completos (1862 - 1866)
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Na esperança do escuro
Vejo melhor o caminho
no escuro da noite
e se vou sozinho, assim me afoite,
deixo que a luz da lua
faça minha a vontade tua
de um dia clarear. Percebes?
-Ganhar sol no beijo que me deves.
no escuro da noite
e se vou sozinho, assim me afoite,
deixo que a luz da lua
faça minha a vontade tua
de um dia clarear. Percebes?
-Ganhar sol no beijo que me deves.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Os Pequenos Finais
sinto que vou
esquecer dia após dia
os pequenos finais que me faziam
hhhhhhhhh
supor que não iria
dizer mais nada que criar pudesse
as ilusões que falar
sempre cria?
Gastão Cruz, A Moeda Do Tempo, Assírio & Alvim, 2006
domingo, 19 de abril de 2009
Só os pássaros lhe ensinaram a perfeição do
voo,
muito além,
durante as semanas que levantavam as suas
foices sobre os campos de trigo.
E eles iam e vinham, esses pássaros,
atravessando os anos,
desenhando círculos,
em espiral,
como certo agitar de asas que ouvimos à
volta de um celeiro,
enquanto o crepúsculo acciona o rumor das
suas armas.
José Agostinho Baptista, Voo, Filho Pródigo
voo,
muito além,
durante as semanas que levantavam as suas
foices sobre os campos de trigo.
E eles iam e vinham, esses pássaros,
atravessando os anos,
desenhando círculos,
em espiral,
como certo agitar de asas que ouvimos à
volta de um celeiro,
enquanto o crepúsculo acciona o rumor das
suas armas.
José Agostinho Baptista, Voo, Filho Pródigo
sábado, 18 de abril de 2009
pai e filho, num cair de tarde junto ao mar
as gaivotas despedem o dia na prata azulada, entre os rochedos que pintam de sombra o mar. a tarde vai com elas, deixando a saudade luminosa do astro, aceitando o escuro com a mesma serenidade melancólica da dádiva.
- sinto na tua mão a brancura do mar, e as gaivotas lançam sorrisos que nem parecem gritos, meu pai.
- ao longe, sempre o escuro acompanha um ou outro dia, que chamamos futuro, mas a minha mão, meu filho, dá-te o amparo do tempo, como o longo abraço das gaivotas.
CAIS
Para um nocturno mar partem navios,
Para um nocturno mar intenso e azul
Como um coração de medusa
Como um interior de anémona.
Naturalmente
Simplesmente
Sem destruição e sem poemas,
Para um nocturno mar roxo de peixes
Sem destruição e sem poemas
Assombrados por miríades de luzes
Para um nocturno mar vão os navios.
Vão
O seu rouco grito é de quem fica
No cais dividido e mutilado
E destruído entre poemas pasma.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Mar Novo
Para um nocturno mar intenso e azul
Como um coração de medusa
Como um interior de anémona.
Naturalmente
Simplesmente
Sem destruição e sem poemas,
Para um nocturno mar roxo de peixes
Sem destruição e sem poemas
Assombrados por miríades de luzes
Para um nocturno mar vão os navios.
Vão
O seu rouco grito é de quem fica
No cais dividido e mutilado
E destruído entre poemas pasma.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Mar Novo
sexta-feira, 17 de abril de 2009
A ANÉMONA DOS DIAS
E que traiu o arco azul do tempo
Falou da sua vitória
fffffffffffffffffff
Disse que tinha ultrapassado a lei
Falou da sua liberdade
Falou de si próprio como de um Messias
ffffffffffffffffff
Porém eu vi no chão suja e calcada
A transparente anémona dos dias
Sophia de Mello Breyner Andersen, Mar Morto
O NOME LÍRICO
hoje nxxxnnnnnnnnnnnnnnnnnxxxn amanhece
é um nome nnnxxxnxnnnnnnnnnxxxxx clareia.
kkkkkkkkkk
Nem mesmo amanheceu nnnnnnnn Não do sol
nem o sol nnnnnnnnnnnnnnnnnnx mas de quem
a evoca nnxxxxnnnnnnnnnnnnnnnnnn a nomeia
kkkkkkkkkkkk
Uma palavraxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
palavra sóxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
a erguexxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Fiama Hasse Pais Brandão, Obra breve
(ed. de Gastão Cruz, prefácio de Eduardo Lourenço)
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Marilyn Chambers
Reforma 2.0
Um sinal de progresso? Será que a reforma na Justiça está a ser feita em conformidade com a nova «ortographya»?
segunda-feira, 13 de abril de 2009
sábado, 11 de abril de 2009
O esférico rolando sobre a erva 2.0
E é assim. De facto, parece que de Espanha nem bom vento, nem bom casamento, nem bom treinador. Mas será que a culpa se pode resumir ao cliché habitual?
Etiquetas:
É só Bola,
o esférico rolando sobre a erva,
web 2.0
O silêncio dos Poetas
O silêncio é a minha maior tentação. As
palavras, esse vício ocidental, estão gastas,
envelhecidas, envilecidas. Fatigam, exas-
peram. E mentem, separam, ferem. Tam-
bém apaziguam, é certo, mas é tão raro!
Por cada palavra que chega até nós, ainda
quente das entranhas do ser, quanta baba
nos escorre em cima a fingir de música su-
prema! A plenitude do silêncio só os ori -
entais a conhecem. Lao Tsé ensinou que
quem sabe não fala, e quem fala não sabe.
E Bashô, com um cânone de apenas dezas-
sete sílabas, fez uma das mais explêndidas
poesias de que há memória. É da tentação
do silêncio, da apetência do silêncio, da
condenação ao silêncio que falam todos os
meus "afluentes", em prosa ou em verso.
Eugénio de Andrade (in Alberto Pimenta, O Silêncio dos Poetas)
Vejo a tua caligrafia de estrela no vento
ou a fragilidade errante dos teus dedos
Amo essa fluência do silêncio
que se ramifica com a volúpia de uma onda
caindo sobre a pedra como uma anca sequiosa
O vento do silêncio tem a forma de uma mão
que inunda as praias onde dormem as ninfas
com a espuma vermelha das grutas ascendentes
que não conhecem os espelhos da areia
nem as plumas de ouro de um firmamento fácil
Todas as suas linhas são diamantes ou talismãs
que se libertaram em indelével deriva
para serem o sopro entre o negro e o branco
como as linhas de um polvo que se consuma na água
António Ramos Rosa, Versões/Inversões
Poesia Colecção Alma Nova, Edição O MIRANTE
ou a fragilidade errante dos teus dedos
Amo essa fluência do silêncio
que se ramifica com a volúpia de uma onda
caindo sobre a pedra como uma anca sequiosa
O vento do silêncio tem a forma de uma mão
que inunda as praias onde dormem as ninfas
com a espuma vermelha das grutas ascendentes
que não conhecem os espelhos da areia
nem as plumas de ouro de um firmamento fácil
Todas as suas linhas são diamantes ou talismãs
que se libertaram em indelével deriva
para serem o sopro entre o negro e o branco
como as linhas de um polvo que se consuma na água
António Ramos Rosa, Versões/Inversões
Poesia Colecção Alma Nova, Edição O MIRANTE
Tu que chamas à crosta lisa
abóbada e folhagem das palavras
poderás ser o meu espaço o meu vento acolhedor
a minha torre vegetal?
Cordas um pouco crespas
mas o instrumento redondo
O que posso é o que posso ser
um murmúrio um silêncio uma sombra um filamento
A minha mão não é uma folha nem uma chama
mas o estremecimento da sua semelhança
e por isso o que escrevo é o fruto do vento
que deslumbrado ignoro
António Ramos Rosa, Versões/Inversões
Poesia Colecção Alma Nova, Edição O MIRANTE
abóbada e folhagem das palavras
poderás ser o meu espaço o meu vento acolhedor
a minha torre vegetal?
Cordas um pouco crespas
mas o instrumento redondo
O que posso é o que posso ser
um murmúrio um silêncio uma sombra um filamento
A minha mão não é uma folha nem uma chama
mas o estremecimento da sua semelhança
e por isso o que escrevo é o fruto do vento
que deslumbrado ignoro
António Ramos Rosa, Versões/Inversões
Poesia Colecção Alma Nova, Edição O MIRANTE
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Viagens
Queria viajar de ti
Sem largar o teu colo
E o afago do beijo do teu lábio
Inventando impossíveis como sábio
Vendendo a alma em troca de consolo
E regressar – sempre – ao teu gesto que sorri
Sem largar o teu colo
E o afago do beijo do teu lábio
Inventando impossíveis como sábio
Vendendo a alma em troca de consolo
E regressar – sempre – ao teu gesto que sorri
em viagem...
à direita dói-me um dente do siso.
olho em frente, dorido, e perco o juízo.
na boca, me refiro;
na carruagem onde vagueio são os teus olhos
- verde esmeralda, ladrilhados –
autores do poema que desnorteia.
sigo a norte.
no comboio, o digo. Sem sorte:
talvez não saias em Coimbra,
e debito ao infinito
a conta
de só te ver na eternidade.
amor é esquecimento.
beijos te deixo (sem querer?)
num sobressalto de linha.
minha? minha não é:
não pode ser minha. Tenho.
no resto de tudo, uma certeza.
olho em frente, dorido, e perco o juízo.
na boca, me refiro;
na carruagem onde vagueio são os teus olhos
- verde esmeralda, ladrilhados –
autores do poema que desnorteia.
sigo a norte.
no comboio, o digo. Sem sorte:
talvez não saias em Coimbra,
e debito ao infinito
a conta
de só te ver na eternidade.
amor é esquecimento.
beijos te deixo (sem querer?)
num sobressalto de linha.
minha? minha não é:
não pode ser minha. Tenho.
no resto de tudo, uma certeza.
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