Vejo a tua caligrafia de estrela no vento
ou a fragilidade errante dos teus dedos
Amo essa fluência do silêncio
que se ramifica com a volúpia de uma onda
caindo sobre a pedra como uma anca sequiosa
O vento do silêncio tem a forma de uma mão
que inunda as praias onde dormem as ninfas
com a espuma vermelha das grutas ascendentes
que não conhecem os espelhos da areia
nem as plumas de ouro de um firmamento fácil
Todas as suas linhas são diamantes ou talismãs
que se libertaram em indelével deriva
para serem o sopro entre o negro e o branco
como as linhas de um polvo que se consuma na água
António Ramos Rosa, Versões/Inversões
Poesia Colecção Alma Nova, Edição O MIRANTE
sábado, 11 de abril de 2009
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1 comentário:
Lindo, profundo. Boa escolha.
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